Mas para isso é preciso enxergar a realidade de frente, largar o otimismo utópico e o pessimismo exacerbado
Por Rachel Sheherazade em O Brasil tem cura
Toda mudança pessoal ou social passa, necessariamente, pela busca da verdade. Conhecer a si mesmo é apenas o primeiro passo.
Antes de mudar o país, é preciso mirar-se no espelho, confrontar o passado e o presente, os erros e os acertos.
Mas, para enxergar e entender a realidade ao redor — “sair da caverna”, como sugeriu o filósofo Platão —, é preciso ir além.
No chamado “mito da caverna”, descrito na obra A República, o sábio grego exorta os prisioneiros a se libertarem dos grilhões da ignorância e enxergarem a realidade além das ilusões; o sol adiante do fogo; a verdade em vez das sombras.
Por que não aplicar ao nosso país a proposta de Platão? Assim como os prisioneiros da caverna, temos de buscar a verdade, o conhecimento, sair da inércia mental, do comodismo das ideias e procurar as respostas para os males do Brasil: qual é a verdadeira imagem do país? Qual é o retrato, sem truques e sem retoques, do Brasil de hoje? Que país é este? O templo do carnaval? A nação de chuteiras? O paraíso dos corruptos? O país do futuro? Ou a terra de ninguém? Quais são as chagas que adoecem nossa pátria?
Elaborar um retrato definitivo e completo do Brasil atual é uma missão complexa.
Não me proponho a isso, mas convido você a se despir das paixões ideológicas, do otimismo utópico ou do pessimismo exacerbado para tentar enxergar o país como ele é de fato, com realismo e racionalidade, sem paixões nem ressentimentos.
O Brasil, como bem sabemos, é uma terra livre de grandes desastres naturais, como maremotos, tsunamis, terremotos, vulcões ativos, tufões, furacões e tornados.
Sobram-nos, porém, catástrofes sociais, com altíssimo poder de destruição. Ao contrário das intempéries, esses desastres sociais não vêm dos ares nem emergem do chão.
Não são obras do acaso, castigos de Deus ou fenômenos da natureza; são fruto de nossa omissão e de escolhas equivocadas, individualmente, como cidadãos, e coletivamente, como nação.
Violência, impunidade, injustiça, individualismo, ignorância, corrupção endêmica, moral ambígua, comodismo crônico…
O Brasil não sofre de um único mal, mas de múltiplas mazelas que inviabilizam o presente e comprometem o futuro da nação. […]
Entre tantas más notícias, a boa-nova é que o Brasil tem cura. E você é parte dela.
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