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Uma leitura cristã de Einstein

Quem propõe o curioso diálogo é Alister McGrath em seu livro “Uma teoria de tudo (que importa): uma breve introdução a Einstein e suas ideias surpreendentes sobre Deus”

A seguir, você lerá um trecho de Uma teoria de tudo (que importa): uma breve introdução a Einstein e suas ideias surpreendentes sobre Deus, livro escrito por Alister McGrath, renomado professor de Ciência e Religião na Universidade de Oxford.

Na obra, McGrath examina a vida e o legado de Einstein, explicando seu significado científico e considerando o que Einstein fez e não fez, o que ele acreditava e não acreditava sobre ciência, religião e o significado da vida.

Instigante e esclarecedor, o livro é leitura obrigatória para quem deseja compreender o papel da fé em um mundo em que a ciência e a tecnologia ocupam papel fundamental na sociedade e influenciam o estilo de vida das pessoas.

Ao final do artigo, você encontrará um link para a compra do livro impresso ou do e-book e também para a resenha escrita por nosso time. Boa leitura!

Deus e um universo científico: rumo a uma leitura cristã de Einstein

Por por Alister McGrath em Uma teoria de tudo (que importa): uma breve introdução a Einstein e suas ideias surpreendentes sobre Deus

[…]

O que aqueles que levam a sério a fé cristã podem aprender com Einstein?

Gostaria de deixar claro que não tenho a intenção de forçar Einstein a se encaixar em um molde cristão (ou em qualquer outro molde). É claro que Einstein não era cristão. É claro também que não era ateu. Ele era apenas Einstein.

No entanto, é perfeitamente justo e intelectualmente legítimo respeitar-lhe a integridade ao mesmo tempo que perguntamos o que os cristãos podem aprender com Einstein e como suas ideias podem contribuir para uma reflexão cristã mais ampla em uma variedade de temas importantes. Que questões críticas ele levanta que precisariam ser discutidas? Que ideias e abordagens desenvolveu que poderiam ser úteis para os cristãos desenvolverem suas próprias abordagens?

 Einstein sempre deixou claro que não era um teólogo em nenhum sentido da palavra. No entanto, isso não impede os teólogos de refletirem sobre as ideias dele a partir de suas próprias perspectivas.

Há uma longa história cristã de envolvimento com importantes pensadores (principalmente filósofos) que não são cristãos — não com alguma intenção de reivindicar falsamente que eles sejam na verdade cristãos, mas com a intenção de desenvolver um diálogo com eles. Exemplos disso incluem o envolvimento dos primeiros cristãos com Platão, a investigação medieval do legado intelectual de Aristóteles e o envolvimento do século 20 com filósofos como Martin Heidegger ou Ludwig Wittgenstein. O que proponho é enfocar Einstein da mesma forma: respeitosa, mas criticamente.

Porém, há outra questão que precisamos abordar aqui. Einstein relutava muito em falar sobre as implicações “religiosas” de suas teorias — inclusive a teoria da relatividade. Ele considerava que havia elucidado a melhor forma de conceber uma ordenação de nosso universo, mas não achava que isso impactasse o mundo da religião. Em parte, é claro, isso reflete sua ideia singular e bastante idiossincrática de religião. No entanto, Einstein “vivia perto da fronteira entre a física e a metafísica”.

Ele estava profundamente consciente do fato de que o empreendimento científico se baseava em certas suposições metafísicas implícitas que não podiam ser provadas verdadeiras, como a realidade de um mundo físico que estava aberto à investigação científica. É, portanto, justo e razoável perguntar: Que conjunto de suposições metafísicas dá mais sentido ao empreendimento científico? Como o modo cristão de ver o mundo nos permite explicar os sucessos da ciência e identificar seus limites?

Einstein é um excelente parceiro de diálogo, em parte porque ele é tão interessante, mas principalmente porque é um cientista extraordinário, com um interesse óbvio no que o filósofo da ciência Karl Popper chamou de “questões últimas”.

Em uma palestra na Universidade de Cambridge em novembro de 1977, Popper enfatizou suas próprias credenciais científicas e racionais, enquanto se distanciava daqueles que faziam “alegações exageradas em nome da ciência”: “Sou contra a arrogância intelectual, e especialmente contra a alegação equivocada de que temos a verdade em nossos bolsos, ou de que podemos nos aproximar da certeza”. Como Popper indicou na palestra, tal arrogância ou excesso de confiança muitas vezes é conhecido como “cientificismo”.

Embora celebrasse os sucessos da ciência, Popper alertou para a necessidade de reconhecer e respeitar seus limites: “É importante compreender que a ciência não faz asserções sobre questões últimas — sobre os enigmas da existência, ou sobre a tarefa do ser humano neste mundo”.

Popper insistia em que essas “questões últimas” sobre significado, propósito e valor não podiam ser adequadamente respondidas pela ciência. Isso, contudo, não significa que sejam irrespondíveis. “O fato de que a ciência não pode fazer qualquer pronunciamento sobre princípios éticos é erroneamente interpretado como indicando que não existem tais princípios.”

Tais princípios, Popper declarou, existem, mas precisam ser descobertos por outros meios que não as ciências naturais. “Alguns grandes cientistas, e muitos não tão grandes, entenderam mal a situação.” Duvido muito que Popper incluísse Einstein entre aqueles que haviam deixado de entender o ponto em questão.

McGrath, Alister E. Uma teoria de tudo (que importa): uma breve introdução a Einstein e suas ideias surpreendentes sobre Deus. 1. ed. – São Paulo: Mundo Cristão, 2021. Págs. 153 a 156.

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Acesse também a resenha da obra:

Alister McGrath em um livro fascinante sobre as concepções de Albert Einstein em relação à ciência, religião e o significado da vida

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