“Os escritos apocalípticos costumam usar números, descrições e nomes simbólicos como ‘código’ para que leitores de fora (especialmente inimigos), que não tinham a chave para o código, não entendessem as implicações da mensagem”, Bíblia de Estudo NVT
A seguir, você lerá um conteúdo extraído da Bíblia de Estudo NVT, a mais completa e abrangente em língua portuguesa.
Livro de Apocalipse
O Apocalipse de João é uma mensagem magnífica e maravilhosamente elaborada sobre a salvação disponível em Jesus Cristo. O livro abençoa todos que refletem a seu respeito e adverte com severidade quem se opõe a Cristo e às boas-novas e quem é superficial em sua caminhada cristã.
O desenvolvimento dramático da obra estimula a imaginação e, ao mesmo tempo, dá testemunho do poder supremo de Deus. Suas visões descrevem a dificuldade enfrentada pelos cristãos, os julgamentos divinos sobre seus perseguidores e esperança e promessa eternas para o fiel povo de Deus.
Contexto
É provável que Apocalipse tenha sido escrito na década de 90 d.C., ou talvez na década de 60 d.C. Durante esses períodos, os cristãos enfrentaram pressão e perseguição crescentes. Na década de 90 d.C., os judeus já haviam condenado o cristianismo em seus concílios em Jamnia (70–85 d.C.).
Depois disso, passaram a denunciar os cristãos às autoridades romanas como rebeldes religiosos que não mereciam ser protegidos pelas leis que permitiam o exercício da religião e davam aos judeus o direito de praticar sua fé.
Ao mesmo tempo, Roma exigia lealdade absoluta ao imperador. Pode ser que nessa época não houvesse uma perseguição oficial no império como um todo, mas na província pró-romana da Ásia (atual Turquia), quem se recusava a adorar o imperador era fortemente perseguido.
Diante dessa realidade, Apocalipse lembra aos cristãos, de modo dramático, a fonte de sua esperança e justificação e os desafia a permanecer fiéis. Talvez, para o mundo, os cristãos na província da Ásia parecessem fracos ou impotentes, mas Apocalipse lhes lembra repetidamente, como a nós também, que o Deus a quem servem é Todo-poderoso. Deus controla a história; ele efetuou nossa salvação e continua a cumprir seus propósitos.
O cenário de Apocalipse. O apóstolo João escreveu Apocalipse durante um período de perseguição intensa às igrejas na Ásia, enquanto ele próprio estava exilado na ilha de Patmos. Enviou Apocalipse a sete igrejas asiáticas (indicadas com estrelas no mapa). […]
Literatura apocalíptica
De maneira extraordinária, por meio da descrição de imagens e visões, João transporta nossa mente para o âmbito da imaginação. Ele não foi o único a escrever desse modo; usou uma forma conhecida de literatura para transmitir sua mensagem. Essas obras imaginativas são chamadas “apocalípticas” (do verbo grego para “descobrir”), pois afirmam revelar uma nova visão da realidade.
Muitas obras apocalípticas foram escritas durante períodos de grande tensão e perseguição, como textos para tempos difíceis. Os escritos apocalípticos costumam usar números, descrições e nomes simbólicos como “código” para que leitores de fora (especialmente inimigos), que não tinham a chave para o código, não entendessem as implicações da mensagem. Para eles, a obra seria cheia de sentidos duplos, ou sem sentido nenhum. Em Apocalipse, por exemplo, o nome Babilônia é usado como código para Roma (17.5-9).
“Os escritos apocalípticos costumam usar números, descrições e nomes simbólicos como “código” para que leitores de fora (especialmente inimigos), que não tinham a chave para o código, não entendessem as implicações da mensagem.”
Bíblia de Estudo NVT
O AT traz exemplos de literatura apocalíptica em Daniel e Zacarias […]. Em geral, a literatura apocalíptica judaica mostra que Deus é transcendente e tem pleno controle da história, mesmo quando a situação parece desesperadora para os leitores. A mensagem de Deus costuma ser apresentada por meio de visões, sonhos ou jornadas a âmbitos cósmicos ou espirituais.
Àqueles que tinham tais visões ou sonhos, bem como a intérpretes e profetas, essas revelações transmitiam mensagens de esperança e salvação para o povo de Deus e mensagens de julgamento para os inimigos de Deus. Era dever dos profetas anunciar suas mensagens a outros, especialmente aos fiéis perseguidos e aflitos.
Os leitores entendiam que as promessas de esperança não se cumpririam de imediato; em geral, eram expressas como parte de um julgamento catastrófico futuro no qual Deus destruiria seus inimigos e proporcionaria felicidade definitiva a seu povo. Nesse meio-tempo, o povo de Deus devia permanecer fiel e perseverar diante do sofrimento, certo de que Deus concederia livramento em breve. Observam-se todas essas características em Apocalipse.
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João, que descreve suas visões neste livro, também chama sua obra de “profecia” (1.3; 22.7); entretanto, não quer dizer com isso que se trata de profecia apenas com o sentido de predição, mas com o sentido adotado no AT, isto é, de proclamar a palavra de Deus a seu povo. As visões proféticas de João enfatizam que a resposta de Deus para tempos de angústia só se completará no fim da história e na eternidade por vir.
Autoria de Apocalipse
Vários apocalipses judeus foram escritos depois da definição do cânone do AT; era uma época em que os judeus acreditavam que as profecias haviam cessado e que a palavra do Senhor para eles se encontrava principalmente na Lei e nos Profetas. Os autores judeus dessas obras adotavam o nome de indivíduos do passado, homens tementes a Deus (como Esdras, Baruque, Enoque, Isaías e até Adão), para dar credibilidade e aceitação a seus textos.
Registros desse tipo são chamados pseudoepígrafes (lit., “escritos falsos”), pois foram redigidos sob pseudônimos. No período que sucedeu ao ministério dos apóstolos, escritores imaginativos e falsos mestres retomaram essa prática ao usar os nomes dos primeiros seguidores de Jesus (como Pedro, Tiago, João e até Maria) para que os cristãos lhes dessem atenção.
De modo contrastante, os livros reunidos no NT foram escritos por autores que usavam o próprio nome (ver Rm 1.1; 2Ts 3.17) ou, mesmo quando o autor não fornece seu nome, são obras legitimamente apostólicas (p. ex., Mateus, Hebreus). O autor de Apocalipse diz apenas que se chama João (1.1,4,9).
Na igreja primitiva, esse João costumava ser identificado com o apóstolo João, que refere a si mesmo em seu Evangelho como “o discípulo a quem Jesus amava” (Jo 13.23; 19.26; 20.2; 21.7); em suas epístolas, ele se identifica como “o presbítero” (3Jo 1.1). João recebeu as visões apresentadas em Apocalipse enquanto era prisioneiro político e religioso em Patmos, ilha rochosa usada como prisão romana no litoral oeste da Ásia Menor, perto de Éfeso (1.9).
Data
É provável que Apocalipse tenha sido escrito nos últimos anos do reinado de Domiciano (94–96 d.C.) ou logo depois disso (96–99 d.C.). Os oito reis (17.7-11) talvez se refiram aos oito imperadores romanos de Augusto a Domiciano (ver quadro, p. 2113). Também é possível que Apocalipse tenha sido escrito na década de 60 d.C., em que Nero perseguiu a igreja e matou cristãos.
Durante esses períodos, os cristãos sofreram angústia e perseguição intensas (13.7). João exortou seus leitores a perseverar e permanecer fiéis (13.10). Embora alguns estudiosos argumentem que a perseguição era mais uma questão de percepção que uma circunstância real, Apocalipse aponta para uma perseguição real e física (2.9,13; 3.9).
Destinatários
Os destinatários de Apocalipse foram as igrejas da província romana da Ásia (região oeste da atual Turquia). As sete cidades mencionadas nos caps. 1—3 eram ligadas por um sistema de estradas em forma triangular, que constituía algo semelhante a uma rota postal. Hoje só restam ruínas de todos esses locais, com exceção de Esmirna, a atual e movimentada cidade portuária de Izmir, na Turquia. A sequência em que as sete cidades aparecem nas cartas é geográfica e segue a rota que o mensageiro provavelmente percorreu ao levar o texto a cada igreja.
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