Entrevista com Rodolfo Montosa, pastor, autor e fundador do Instituto Jetro
Liderança… todos nós a exercemos de alguma forma. Seja no ambiente familiar, profissional ou ministerial, todos temos um âmbito de influência no qual podemos interagir de forma positiva ou negativa, estimulante ou debilitante. Por isso, enxergar a liderança com responsabilidade é de vital importância.
O desafio que todos temos de enfrentar diariamente é desenvolver essa habilidade de modo a exercê-la de forma madura e inteligente, promovendo o crescimento daqueles que estão ao nosso redor; enfim, desenvolver uma liderança significativa.
É justamente para falar sobre o assunto que conversamos com Rodolfo Montosa, autor de De repente, acordei, lançamento recente da MC. Rodolfo é pastor da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de Londrina (PR), compositor, escritor, empresário e fundador do Instituto Jetro, organização que tem por finalidade colaborar com pastores e líderes cristãos para o desenvolvimento de competências e o exercício de boas práticas de gestão e liderança.
Na conversa, Rodolfo compartilha com nossos leitores alguns insights sobre o exercício da boa liderança e dá dicas de como aperfeiçoá-la. Confira!
Mundo Cristão: Quais são os pilares fundamentais de uma boa liderança?
Rodolfo Montosa: Gosto de três palavras que me ajudam a resumir: caráter, carisma e coração. O caráter é útil para colocar a organização na direção certa, o carisma gera o conjunto de habilidades e competências necessárias para a caminhada e o coração é como combustível que dá força, ritmo e intensidade. Faltando um desses três elementos, a perda será grande.
E quais são as características de um bom líder?
O bom líder é alguém que consegue agregar e inspirar pessoas, otimizar e direcionar recursos, criar e discernir caminhos para atingir e superar objetivos. Em outras palavras, precisa conhecer em profundidade o barco, a tripulação e os ventos e marés. Precisa saber lidar com gente, com limites e pressões.
Liderança é um dom nato ou pode ser desenvolvida? Caso o possa, como fazê-lo?
Seja um pai e uma mãe que lideram sua casa, ou um presidente de uma grande organização transcontinental, todos somos líderes em algum nível. O grau de facilidade de como exercemos esse papel está diretamente relacionado ao modelo que recebemos na vida.
Independente da atual performance, sempre será possível aperfeiçoar e se desenvolver. Podemos aprender com livros, mas o jeito mais natural e eficaz é aprender com pessoas que fazem bem feito.
O que um líder cristão precisa ter em mente em relação ao seu papel ministerial na obra do Senhor?
O foco principal do líder cristão é cumprir sua missão. Para entender melhor isso, gosto de lembrar que a palavra missão tem uma função na língua portuguesa chamada de pospositiva – uma espécie de sufixo. A essência da nossa missão, ou melhor, de nossa comissão em Cristo, é a transmissão ou emissão do evangelho, para o que passamos por um processo intenso de admissão, sendo necessário um coração de submissão, que, com a devida permissão do Senhor, deve ser feita sem intromissão nem omissão para evitar nossa demissão do que nos foi confiado. Gosto dessa brincadeira com palavras verdadeiras e cheias de significado.
Hoje, infelizmente, muitas pessoas deixam de frequentar as igrejas em função de desapontamentos em relação à liderança: despreparo, autoritarismo, disparidades entre o que é pregado e o que é vivido, entre outros motivos. O que diria àqueles que estão decepcionados e pensam em abandonar a comunidade a que frequentam?
É verdade que existe muito líder doente, mas também tem liderança saudável. Cristo age na comunidade e não no individualismo. Na unidade dos irmãos é onde o Senhor ordena a benção (Sl 133), na concordância pura de coração é onde as orações são respondidas (Mt 18.18-20), na oração coesa e unida há plenitude do Espírito Santo (At 2.1-2), há encorajamento para o testemunho (At 4.24, 31), há manifestação de sinais e prodígios (At 5.12), há livramento e libertação (Fp 1.19), há manifestação de cura e perdão (Tg 5.14-16). A vida cristã é desafiadora na igreja, mas impossível fora dela. Viver isoladamente é como um graveto fora da fogueira – em pouco tempo apagará.
E aos líderes que por algum motivo têm provocado escândalos ou o afastamento daqueles que deveriam ser edificados por sua influência, quais conselhos lhes daria?
Repetiria as palavras de Jesus quando predisse o comportamento repreensível de Pedro: quando te converteres, fortalece teus irmãos.
Em sua opinião, quais são os três principais erros que um líder jamais poderia cometer?
Ao líder cristão, três erros terríveis são: (1) centralizar o foco em si, e não em Cristo; (2) centralizar o poder em si e não delegar a outros; (3) deixar de celebrar as pequenas conquistas. Ou seja, o líder deve ser cristocêntrico, aprender a delegar a outros e alegrar-se sempre na caminhada.
De que forma uma pessoa pode melhorar suas habilidades de gestão, comunicação e relacionamento interpessoal por meio do exemplo de liderança significativa deixado pelo próprio Senhor Jesus?
O ponto de partida é buscar, como Jesus, ser cheio do Espírito Santo. O ponto de chegada é, como Jesus, glorificar o coração do Pai. Entre a partida e a chegada, imitar Jesus em seu modelo perfeito de liderança.Em poucas palavras, Jesus Cristo é o modelo perfeito, fonte inesgotável de inspiração e ação. Tudo o que podemos ler e aprender pode ser encontrado na vida do Mestre.
Quais recomendações daria a alguém que se vê aquém do que seria o perfil de um bom líder, mas deseja melhorar e se aperfeiçoar?
Ore, observe e pesquise. Fique perto do Senhor, perto de pessoas que estão perto de Jesus e perto de boa literatura a respeito.
Há algum livro, filme ou conteúdo que gostaria de recomendar?
Interessante ver o que dizem autores como Peter Drucker, Tom Peters, Michael Porter, Stephen R. Covey, James C. Hunter, Daniel Goleman, Jim Collins, EliyahuGoldratt’s, Henry Mitzberg, W. Chan Kim, Adrian Slywotzky, John Maxwell.
Uma mensagem final aos leitores.
Não despreze o dom de Deus que há sobre sua vida.
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