Por Max Lucado em Deus está com você
Jesus poderia ter sido um “Zé”. Se Jesus viesse hoje, seu nome poderia ser João, José ou Antônio. Se estivesse aqui hoje, dificilmente ele se distanciaria usando um nome pomposo como Reverendo Santidade Divina Angelical III.
Não, quando Deus escolheu o nome que seu filho iria carregar, optou por um nome humano (Mt 1.21). Ele escolheu um nome tão comum que poderia aparecer duas ou três vezes em qualquer lista de chamada escolar.
Em outras palavras, “aquele que é a Palavra tornou-se carne”, disse João ( Jo 1.14). Ele era tocável, acessível, alcançável. E, além disso, era comum.
Se estivesse aqui hoje, você provavelmente não o notaria enquanto ele caminhasse por um shopping center.
Ele não atrairia olhares por conta das roupas que usava ou das joias que exibia. “Pode me chamar de Jesus”, é quase possível escutá-lo dizer.
Ele era o tipo de pessoa que você convidaria para assistir ao clássico do domingo na sua casa. Ele rolaria no chão com seus filhos, tiraria uma soneca no seu sofá e prepararia uma picanha na sua churrasqueira.
Ele riria das suas piadas e contaria algumas também. Quando você falasse, ele escutaria como se tivesse todo o tempo da eternidade.
Ele era tocável, acessível, alcançável. […] “Pode me chamar de Jesus”, é quase possível escutá-lo dizer.
E uma coisa é certa: você o convidaria de novo. Vale a pena notar que aqueles que o conheciam melhor se lembravam dele como Jesus. Os títulos Jesus Cristo e Senhor Jesus aparecem apenas seis vezes.
Aqueles que caminharam com ele se lembravam dele não por um título ou uma designação, mas por um nome: Jesus.
Pense nas implicações disso.
Qual foi o meio usado por Deus quando decidiu revelar a si mesmo à humanidade?
Um livro?
Não, isso foi secundário.
Uma igreja?
Não, isso foi consequência. Um código moral?
Não; limitar a revelação de Deus a uma fria lista de pode ou não pode é tão trágico quanto olhar para um mapa do Amazonas e dizer que você viu a floresta.
Quando decidiu revelar a si mesmo, Deus o fez (surpresa de todas as surpresas) através de um corpo humano.
A língua que chamou o morto era uma língua humana.
A mão que tocou o leproso tinha sujeira debaixo das unhas. Os pés sobre os quais a mulher chorou eram calejados e poeirentos.
“Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas” (Hb 4.15).
E suas lágrimas… ah, não se esqueça das lágrimas… Elas vieram de um coração tão partido quanto o seu ou o meu já estiveram. Por isso, as pessoas iam até ele.
Puxa, como elas iam até ele!
Chegavam à noite; tocavam nele quando ele passava pela rua; seguiam-no em volta do mar; convidavam-no a ir à casa delas e colocavam os filhos aos pés dele.
Por quê?
Porque ele se recusou a ser uma estátua numa catedral ou um sacerdote num púlpito elevado. Em vez disso, ele escolheu ser Jesus. Não existe nenhuma indicação de alguém que tenha ficado com medo de se aproximar dele.
Houve aqueles que zombaram dele. Houve aqueles que tiveram inveja dele. Houve aqueles que o interpretaram mal. Houve aqueles que o respeitaram. Mas não houve nenhuma pessoa que o considerasse santo demais, divino demais ou celestial demais para ser tocado.
Não houve ninguém que tenha relutado a se aproximar dele com medo de ser rejeitado. Lembre-se disso da próxima vez que você se surpreender diante de seus próprios erros.
Ou da próxima vez que acusações ácidas abrirem buracos em sua alma.Ou da próxima vez que você vir uma catedral fria ou ouvir uma liturgia sem vida.
Lembre-se. É o homem quem cria a distância. É Jesus quem constrói a ponte.“Pode me chamar de Jesus.”
*Créditos da imagem: Son of God Movie