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“Formação Espiritual”, entrevista com Valdir Steuernagel

Em bate-papo com a MC, autor fala sobre o lançamento e aborda questões urgentes para o cristão e a igreja do século 21

Em setembro de 2020, a Mundo Cristão lança Formação Espiritual: um caminho de fé, vida e missão, livro escrito por Valdir e Silêda Steuernagel, Osmar e Isabelle Ludovico, Ricardo Barbosa e Ziel Machado. Na obra, os seis líderes e amigos convidam o leitor a despertar para um novo estilo de vida, rever as prioridades e encontrar inspiração para o dia a dia.

Numa verdadeira jornada de autodescoberta e aprofundamento espiritual, Valdir, Silêda, Osmar, Isabelle, Ricardo e Ziel dão uma pitada mais que saborosa do seu legado espiritual construído através do discipulado, com o propósito de oferecer a cada leitor um roteiro que, por meio de temas cotidianos, descrevem uma caminhada de comunhão e relacionamento com Deus e com os irmãos. Para ler a resenha completa da obra, clique aqui.

Nossa equipe conversou com Valdir Steuernagel, pastor, embaixador da Aliança Cristã Evangélica Brasileira, presidente do conselho da Visão Mundial do Brasil e organizador do livro. No bate-papo, ele compartilha informações sobre a novidade e aborda temas importantes relacionados à vida de fé e à espiritualidade cristã, especialmente no contexto da pós-modernidade. Confira!

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Mundo Cristão: Por que Formação Espiritual: Um caminho de fé, vida e missão é um texto relevante para o cristão do século 21?

O processo de formação espiritual acompanha toda a vida do cristão. A nossa caminhada de fé está em contínuo desenvolvimento. Por isso, temos de permanecer sempre focados na missão que Deus nos deu. Esperamos que o livro contribua para o aprofundamento de nossa vida e missão, a fim de que estejamos preparados para falar com propriedade acerca de nossa esperança em Cristo Jesus (1Pe 3.15).

Assim, é com enorme gratidão que escrevemos o livro, orando para que ele seja usado por Deus para fortalecer a nossa fé rumo a uma vivência cristã que seja transformadora, tanto no que se refere ao âmbito individual, como comunitário.

E para a igreja evangélica de nossos dias, de que forma Formação Espiritual vem de encontro às suas atuais carências e urgências?

A formação espiritual sólida é de fundamental importância para o cristão em nossos dias. Pois é essa formação que o ancora no conhecimento e na vivência de sua fé e o prepara para uma vida comunitária e testemunhal no seu tempo e na sua geografia. Por essa razão, creio que a obra vem ao encontro das atuais urgências da igreja.

Quais foram os temas selecionados para a publicação?

Os temas selecionados têm duas marcas: A primeira, é que cada tópico retrata as leituras bíblicas, as conversas e as orações vivenciadas por diferentes grupos de pessoas por mais de vinte e cinco anos. O índice do livro não é, portanto, nem abstrato nem discursivo. Ele é vivencial. É fruto de convivência.

A segunda marca é que eles são temas que emergem da história da fé, como a prática da Lectio Divina, e recuperam atualidade e centralidade nestes dias tão conturbados, especialmente no que se refere às novas gerações. Por meio das leituras, convidamos cada leitor a viver sua vocação com intensidade, integridade e toque missional.

A formação espiritual de um cristão é constituída por vários elementos que circundam a jornada de fé, um deles é a mentoria ou discipulado. Esse elemento, porém, é muitas vezes esquecido ou negligenciado pela igreja. Como criar e incentivar uma atmosfera de mentoria/discipulado no ambiente eclesiástico? Quais são os impactos dessa atitude para os envolvidos (discipulador e discípulo) e para as comunidades em que estão inseridos?

A mentoria é, fundamentalmente, uma expressão de cuidado mútuo. Ela encontra um espaço nobre na comunidade de fé. Na vida cristã, a mentoria tem um papel para dentro e outro para fora.

Para dentro, pois estabelece um processo de cuidado e carinho de um para o outro. Um cuidado que busca o enraizamento e a vivência da fé cristã de forma íntegra e integrada, e um carinho modelado pelo amor de Deus por todos nós.

Para fora, pois visa cultivar a experiência de uma vocação que adquire contornos testemunhais na sociedade. A mentoria cristã se aproxima de Jesus e, espelhada nele, se projeta como um sinal de esperança que tem o nome de Reino de Deus.

Como discipulado, a vivência da mentoria estabelece um contínuo fluir de irmandade e uma obediência que se expressa em comunidade e em amor ao próximo. A nossa igreja precisa muito disso. E precisa experimentá-lo no seguimento a Jesus, o mentor de todos nós.

O que perdemos como sociedade e como seres humanos ao negligenciar questões como silêncio, pausa, tempo de qualidade para atividades sem lucros aparentes, descanso e meditação? Aliás, de que forma elas contribuem para uma vida cristã mais saudável?

A nossa sociedade, como nós mesmos experimentamos, é acelerada, superficial, competitiva e consumista, gerando um individualismo que é irmão gêmeo da solidão, e um cansaço que tem o gosto amargo de não ter valido a pena num tempo que passou tão rápido.

Essa sociedade carece de um testemunho que aponte para um ritmo que gera qualidade de vida, um silêncio que gera a escuta do outro, um descanso que fertiliza as relações humanas e uma meditação que nos põe de volta nos braços de Deus. Braços estes que nos abraçam e afirmam a nossa identidade como seres criados à sua imagem e semelhança.

“Descoberta e encanto”, por que devemos resgatar essas palavras? De que forma vivenciá-las nos conecta com Deus e com o próximo?

O evangelho é uma boa nova que não envelhece. O evangelho transforma a vida nos âmbitos pessoal, familiar e social. O evangelho nos leva ao encontro com Jesus, que nos mostra o Pai e nos ensina o caminho do amor ao próximo. O evangelho fala do reino de Deus, que traz esperança para todas as pessoas, em todos os lugares. O evangelho é uma grande descoberta e um enorme encanto. O encontro com esse evangelho nunca tira dos nossos olhos o encanto com uma grande descoberta que nos foi presenteada pelo próprio Deus.

Quais são os principais desafios da igreja frente a uma sociedade que caminha para a “liquidez” nos relacionamentos e para a relativização de valores essenciais da fé cristã?  

O grande desafio da igreja é ser igreja. Digo, ser igreja segundo a vocação que Deus lhe deu. Ser igreja em continuidade com o testemunhar o evangelho como configurado no decorrer da história. Ser igreja em diálogo com o seu tempo, de forma evangelizadora e profética. A melhor forma de ser igreja é ser igreja missionária. Uma missão que anuncia um novo jeito de viver, sempre em sintonia com — e a serviço — do evangelho de Jesus.

Hoje, vemos diversas críticas em relação à igreja, proferidas, inclusive, pelos próprios cristãos. Num cenário muitas vezes dividido e que, não raras vezes, pode gerar desilusões e incompreensões, o que o cristão não pode deixar de ter em mente no que se refere à identidade da igreja, ou seja, ao que ela é, de fato?

A igreja carece viver em contínuo estado de conversão. Uma conversão que a leve sempre novamente de volta ao evangelho; que a impeça de voltar-se para si mesma, esquecendo-se de sua vocação de ser uma bênção.

No Brasil, ela tem vivido momentos de muita graça e cuidado de Deus, transformando-se numa igreja crescente, marcando presença no mundo. Hoje, os cristãos precisam se perguntar qual é, e fato, o impacto que estão tendo na sociedade. Nesse sentido, a igreja caiu no “canto da ilusão”, e acabou se dividindo, polarizando e enraivecendo-se, como a própria sociedade. Ela caiu no “canto da ilusão”, crendo que crescimento quantitativo se transformaria em impacto transformador, o que é de difícil percepção.

A igreja precisa se reencontrar com a sua vocação, redesenhando a adoração a Deus e achando caminhos de uma presença na sociedade que busque, em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça, como o próprio Jesus nos advertiu (Mt 6.33), manifestando os frutos do espírito.

O que os leitores podem esperar da obra?

Um chamado para o reencontro com as raízes de uma fé inteira e integrada, numa comunidade missionalmente transformadora.

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