Por Alda Fernandes em Bíblia de estudo desafios de toda mulher
Rute foi fiel a seus valores, a despeito dos benefícios pessoais que poderia obter ao abandonar Noemi. A mulher moabita priorizou a aliança que tinha estabelecido com a família de seu falecido marido e acabou recompensada por Deus — ingressando, inclusive, na linhagem de Jesus.
Para entender a fidelidade é necessário conhecer sua essência. No latim, fidelitate significa constância nos sentimentos e observância da verdade. Fidelidade também implica em confiança — do latim cum, “com”, e fides, “fé”.
É a confiança entre indivíduos (casais, amigos, sócios, familiares), confiança em elementos abstratos (na lei, em processos, conceitos, liderança) e confiança no âmbito espiritual (entre criatura e Criador). Na parábola do administrador astuto (Lc 16), Jesus mostra que não há “meia fidelidade”: ou a pessoa é fiel ou não é.
“Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito”, disse o Mestre. Com isso em mente, nos perguntamos: em dias de tanta individualidade, como é possível a mulher se manter fiel a Deus, ao marido, aos valores, à família, aos amigos?Fidelidade implica em pensar no outro e considerar os valores nos quais cremos.
Se Rute pensasse só nela, talvez fizesse outra escolha que não permanecer com Noemi. Todavia, pensou no próximo e considerou os valores que tinha aprendido a construir e respeitar. Frequentemente esses valores são ameaçados por vilões da fidelidade, entre eles:
• Legitimação do direito individual a qualquer preço.
O espírito de nossa época diz: “Eu quero ser feliz”, “Eu tenho o direito de me realizar”, “Eu preciso pensar em mim”, “Meus sonhos em primeiro lugar”. O outro ocupa um lugar secundário, a prioridade é o ego — o que gera egocentrismo e egoísmo.
• Consumismo desenfreado.
Apoiado pela propaganda, cria e incentiva os desejos, o que leva a pessoa à escravidão das próprias vontades. Com a aquisição de bens, a mulher espera alcançar o status de linda, amada e respeitada. O resultado é desequilíbrio financeiro, frustração, brigas, menosprezo pelas causas sociais e indiferença pelo outro. É a desvalorização do ser em função do ter.
• Erotismo voltado ao prazer imediato.
A sensualidade sadia que fortalece a intimidade do casal é ameaçada pelo erotismo desmedido, que alcança adeptos cada vez mais jovens — meninas nos primeiros anos de vida já fazem caras e bocas, dançando diante da plateia familiar, que aplaude. A mulher aprende a usar a sexualidade para manipular. O sexo é banalizado.
• Relativização.
Cada vez mais, as pessoas justificam seus comportamentos errados. A diferença entre Davi e muitos adúlteros é que Davi chamou seu erro de pecado, arrependendo-se diante de Deus e do mundo. Davi não tentou explicar, justificar, mitigar. Uma vez confrontado, disse apenas “Eu pequei”. O certo e o errado se aproximam de uma linha tênue, o que cria síndromes como a de Robin Hood (roubar de ladrão não é errado) e a de Don Juan (trair por amor não é errado).
• Autossuficiência.
É viver sem normas, sem interação conjugal, familiar ou social. É viver sem Deus. “Eu dito minhas regras, eu me basto” é a máxima do autossuficiente. Ninguém tem nada para lhe acrescentar. Ninguém é importante.Fidelidade é antes de tudo uma escolha que precisamos fazer diariamente. Você escolhe ser fiel. Fidelidade é depositar fé nos seus valores; respeitar compromissos; ter ciência de seus erros e saber pedir perdão; lutar pela própria felicidade sem ignorar o outro. Fidelidade é respeitar a si mesma, seus valores e quem ama você.