Confira nosso bate-papo com Gilmara Michael, autora do livro “Mulheres da Bíblia em literatura de cordel”
Ela é artista, dessas personalidades vibrantes que chegam para impactar. Impactar positivamente. Seu nome, Gilmara Michael Silva Souza Oliveira. Brasileiríssima, nordestina, cordelista. Nascida em Propriá e criada em Muribeca (SE), encontrou na cultura popular uma maneira de comunicar o amor de Deus. Artesã de palavras, pastora, teóloga, esposa e mãe, Gilmara tem promovido a literatura de cordel como ferramenta de evangelização e conscientização, especialmente no que diz respeito à representatividade das mulheres no âmbito evangélico.
Seu estilo simples, mas profundamente inovador, é retrato de sua essência. Qual? Gilmara, em entrevista à MC, é quem diz: “Amo morar próximo de quem pastoreio e de estar na muvuca de uma feira livre. Gosto da natureza e de pessoas ao redor da mesa. Alegro-me em dar presentes, mas também em ganhá-los! Sou uma pessoa que curte ficar em casa, tocando violão e louvando a Deus, juntamente com a família.
Um novo nome entre os autores da Curadoria Sementes
Gilmara é autora do livro Mulheres da Bíblia em literatura de cordel, uma compilação de poemas que resgatam a narrativa de personagens femininas da Bíblia e propõem a reflexão acerca dos desafios vividos pelas mulheres em nossa sociedade e na igreja.
No livro, as histórias de Sara, Hagar, Rebeca, Raabe, Débora, Rute, Ester, Ana, Dorcas e outras mulheres da Bíblia ganham vida em versos cativantes que inspiram, encorajam, confortam e ensinam. Escrito para encantar e desafiar, Mulheres da Bíblia em literatura de cordel é um excelente instrumento de evangelização e um estímulo ao protagonismo feminino entre as mulheres cristãs.
A seguir, você confere nosso bate-papo com Gilmara e fica por dentro da novidade. Ao final, você confere uma mensagem especialmente escrita em literatura de cordel para os leitores e as leitoras MC. Bora conferir?
Mundo Cristão: Literatura de cordel. O que é?
Gilmara Michael: O cordel é vida acontecendo, sendo recriada e contada em linhas que rimam e combinam palavras. São estrofes métricas que dão ritmo e sentido, para sublimar dores, paixões e amores, para superar tristezas e falar do bem ou do mal viver. São composições recheadas de humor e de elementos que exaltam a cultura nordestina. O cordel é um meio para falar de tudo.
Gilmara, cordelista! Como o cordel surgiu em sua vida? E como você usa essa literatura em seu ministério?
Tive o privilégio de nascer em uma família multicultural. Por isso, sempre estive ligada ao ambiente da música, poesia e cultura. Minhas avós materna e paterna possibilitaram essa ambientação através da cultura nordestina, fosse com cantigas de roda, brincadeiras, contação de histórias ou rimas. Também descobri há alguns anos o talento criativo de meu pai.
Como ferramenta para o ministério, a literatura de cordel permite melhor memorização de textos e torna o sermão criativo e atraente. Vez por outra, ouço que é mais fácil absorver a mensagem quando uso versos.
A pedagogia do cordel também permite interação. Quando escrevo os poemas em décimas de cordel, as duas últimas linhas ao final da estrofe se repetem em todas as glosas, formando o mote que pode ser lido ou cantado junto com o público, como fazem os repentistas. Às vezes, aplico essa arte aos meus sermões, para destacar algum ponto da pregação.
E como tem sido a reação dos irmãos?
Tenho recebido o carinho e o reconhecimento de irmãos de vários estados do Brasil, especialmente de Pernambuco e Alagoas, da Paraíba, do Ceará e do Rio Grande do Sul. Aos poucos, quem ainda não conhece o cordel está tendo a oportunidade de ler, ouvir e até de declamar poesias. Creio que o lançamento de Mulheres da Bíblia em literatura de cordel ajudará a inserir o cordel no âmbito da literatura cristã e a divulgá-lo a mais brasileiros.
Mulheres da Bíblia em literatura de cordel. Conte-nos um pouco sobre a obra.
A obra resgata a história das mulheres do período bíblico, permitindo uma nova hermenêutica e mais proximidade com os relatos, ajudando-nos a aprender e a refletir sobre nossa caminhada de vida e fé. No texto, termos bíblicos difíceis são trocados por sinônimos e até substituídos por termos regionais — com o jeito de ser do povo —, para tornar mais fácil o ensino da Palavra de Deus. Ao todo são 16 histórias com protagonismo feminino.
Por que essas reflexões são importantes para os leitores e para a igreja brasileira?
As reflexões que proponho possibilitam uma releitura das narrativas bíblicas e mostram a atuação de mulheres em contextos diferentes, evidenciando a sabedoria, a perspicácia, o modo de ser, as lutas e os dilemas de cada uma. No que tange à própria cultura do cordel — um espaço majoritariamente masculino — a obra vem como um incentivo para que outras cordelistas avancem comigo.
Mulheres da Bíblia em literatura de cordel é um livro apenas para mulheres ou os homens também podem ser beneficiados com a leitura?
É um livro para todos. Trata-se de uma obra para quem ama Deus, Jesus e sua criação ou deseja conhecer o Pai! O feedback dos leitores e das leitoras tem sido maravilhoso. Teve gente que falou nunca ter visto temas bíblicos em literatura de cordel. Eu achei isso fantástico!
Outro dia, li no Instagram um relato que me emocionou profundamente. Um moço que se disse ateu comentou que nunca tinha lido a Bíblia, mas que, a partir do livro, ficou curioso e decidiu checar as referências. Conforme partilhou, sua ideia de um Deus distante está mudando. Acho que não preciso dizer mais nada. Que o Senhor seja louvado em todas as coisas! E que a Palavra de Deus cumpra seu propósito divino de salvação através de Mulheres da Bíblia em literatura de cordel.
Alguns cristãos demonstram certa resistência a expressões da cultura popular como instrumento de pregação e evangelismo. O que diria a eles? Quais considerações faria a respeito?
Precisamos falar mais sobre isso. Eu também já tive meu tempo de resistência. Na igreja, tratamos os assuntos a partir de dois eixos: o que julgamos ser pecado e o que jugamos não ser pecado. Expressões culturais quase sempre são consideradas pecaminosas. Eu amo cultos cristãos africanos e todo o colorido com movimentos variados da dança. Muitos cristãos brasileiros, porém, fortemente marcados pela liturgia europeia, consideram tais expressões como gritantes e inadmissíveis.
Aqui no nordeste, temos visto a valorização de instrumentos regionais, o que para mim é um ganho. Temos ritmos variados e penso que podemos experimentar uma igreja que vivencia sua fé e espiritualidade através de sua identidade cultural. Isso não a diminui, pelo contrário, a enriquece e aproxima às pessoas. Eu toco hinos e cânticos em ritmo de forró. A gente dança de alegria na presença de Deus, e está tudo certo!
A música, o teatro, a poesia e a pintura, como expressões culturais, também podem ser expressões cultuais. Por que não? Eu demorei para perceber que nasci com dons e talentos que podem e devem ser colocados à disposição da obra de Deus. Hoje uso minha arte na missão e tenho buscado viver profissionalmente dela.
“Eu toco hinos e cânticos em ritmo de forró. A gente dança de alegria na presença de Deus, e está tudo certo!“
Gilmara Michael
O que os leitores podem esperar de Mulheres da Bíblia em literatura de cordel?
Uma oportunidade de reler os textos bíblicos na perspectiva de uma linguagem regional — a do nordeste — e uma experiência de novas descobertas e construção, a partir da poesia.
E que tal uma mensagem final aos nossos leitores no formato de literatura de cordel? Topa?
Oxe, menino! Topei e tá topado!
Aos leitores e leitoras
Esses versos dedicar
Em poesia e cordel
Venho aqui registrar
Meu apreço a você
Que meu livro vai comprar!
As mulheres em cordel
Da Bíblia fiz alusão
Em um livro publicado
MC Mundo Cristão
Vicejando a poesia
Com rimas e alegria
Estreou publicação
Você pode adquirir
E este livro comprar
No site da Amazon
Basta apenas clicar
E fazer o pagamento
No dado certo momento
Pelos correios chegar
Deixo o meu obrigada
Também minha gratidão
Peço a Deus que derrame
Sobre ti tua benção
Que não lhe falte na vida
Nem amor e nem guarida
Dos céus a divina mão!
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