Autora faz parte do time de onze líderes cristãs que escreveram “O poder da igreja que ora”. Confira!
Entre as várias publicações da categoria oração, a Mundo Cristão tem um projeto especial: o livro O poder da igreja que ora, obra que traz um estudo profundo acerca do poder da oração em comunidade e que reuniu importantes nomes da liderança cristã feminina no Brasil e nos EUA.
Helena Tannure faz parte desse time de mulheres reconhecidas por seus ministérios comprometidos com um cristianismo maduro e pautado pela Palavra de Deus.
No livro, Helena escreve sobre “O poder da igreja que ora contra o pecado”, um tema fundamental para a saúde do cristão e da comunidade em que está inserido. Em entrevista à MC, a autora fala mais sobre o assunto, expõe questões importantes em relação ao comportamento da sociedade moderna e deixa uma mensagem aos nossos leitores. Confira!
Mundo Cristão: Por que é importante que os cristãos aprendam a importância de orar em comunidade?
Helena Tannure: Essa importância já deveria ser imediatamente percebida a partir de um relacionamento íntimo com Deus, o que é impossível sem a prática constante da oração. Infelizmente, o cristianismo na pós-modernidade vive dias confusos que promovem uma geração adepta a uma “nova religião”, ao invés de nascidos de novo. A oração não deveria ser opcional ou emergencial, mas, sim, a prática constante no processo de conhecer a Deus, seus propósitos e valores. Se não descobrirmos o valor do ato de orar pessoal e particularmente, como chegaremos a experimentar a plenitude e a autoridade que nascem da oração comunitária? O 1º passo deve ser dado para evoluirmos rumo à relevante posição de orarmos também enquanto igreja.
E quando a comunidade decepciona e o cristão já não encontra alegria ao frequentar a igreja? O que fazer?
O hedonismo [linha de pensamento que vê o prazer como objetivo principal da vida] é a bandeira levantada pela sociedade atual. “Você merece ser feliz”, dizem. Isso traz para qualquer contexto social a obrigatoriedade de produzir prazer. Sabemos que relações saudáveis também experimentam crises, têm problemas que devem ser solucionados e obstáculos a vencer. Contudo, a busca por uma satisfação sem interrupções e a todo custo está “aleijando” uma geração inteira e estimulando relações superficiais e utilitaristas, que são construídas sobre a máxima: “Enquanto me interessar, eu permaneço”. O amadurecimento espiritual, felizmente, nos liberta dessa mentalidade, levando-nos a persistir, a permanecer e a contribuir para que crises se transformem em triunfo.
Em O poder da igreja que ora, você fala sobre “a oração contra o pecado”, por que abordar esse tema?
Porque o pecado é a raiz de toda a disfunção humana. Quando nos afastamos de Deus, através da prática consciente ou inconsciente de pecado, sofremos as consequências como indivíduos, família e sociedade. Usando apenas a cobiça como exemplo, quantas atrocidades são cometidas em decorrência da busca por ter mais? Da indústria bélica à negligência das relações familiares, uma gama enorme de crimes contra a vida é cometida todos os dias pelo amor ao dinheiro. Devemos orar contra o pecado, começando pelo nosso.
Ao introduzir o assunto, você aponta que “falar sobre pecado na pós-modernidade gera, na maioria das vezes, uma sensação de mal-estar”. Por que isso acontece?
Porque, hoje em dia, as pessoas não querem ser questionadas ou confrontadas em relação ao que gera prazer, uma vez que seu primordial objetivo é senti-lo. Princípios fundamentais foram relativizados: “O que é certo para você pode não ser para mim”, afirmam. Essa falta de limites criou uma sociedade extremamente egoísta e inconsequente.
Esse “mal-estar” chega também aos púlpitos?
Infelizmente, sim. Para não perder “membros”, muitas instituições negociam valores eternos e imutáveis. O que deveria ser ensinado com amor é omitido em nome de uma pseudocompaixão, que nada mais é do que covardia e omissão. O papel da igreja não é convencer ou condenar, mas ensinar quem é Deus, quais são os estatutos dele e o que o pecado e a desobediência podem causar.
A pregação e a oração contra o pecado são fundamentais. Dentro de uma perspectiva pessoal, a do indivíduo que frequenta a igreja, o que o confronto contra o pecado deve gerar em seu coração e consciência?
Reflexão, arrependimento e mudança de atitude.
E dentro de uma perspectiva maior, a que envolve a comunidade, o país e a sociedade como um todo, quais são os resultados que a pregação e a oração contra o pecado podem causar?
A sociedade é o reflexo do que acontece em cada indivíduo e em cada família. Se pessoas são transformadas, isso gera mudança no entorno delas, contribuindo positivamente na sociedade.
“Uma igreja madura é aquela que entende que a fé é relacional”. O que isso significa?
Que ter fé não se resume a frequentar uma igreja e a possuir uma aparência de justiça. Seus frutos são mais abrangentes: ela nos impulsiona, através do relacionamento com Deus, a superar vícios comportamentais, a aprimorar valores éticos e morais, a desenvolver e aperfeiçoar o amor pelo próximo e o senso de responsabilidade pelo bem coletivo.
Em sua opinião, porque muitos cristãos, mesmo frequentando a igreja, não alcançam patamares mais elevados em sua vida de oração?
Porque, apesar de frequentarem assiduamente instituições religiosas, não experimentaram o que Jesus chama de novo nascimento ou vivem como eternos bebês espirituais, sem desenvolver e exercitar o relacionamento pessoal com Deus.
Para aqueles que talvez estejam vivenciando alguma prática pecaminosa, o que diria a eles?
Existe saída. Não será fácil, principalmente em um contexto que prioriza o “ego”, mas o esforço trará excelentes benefícios. Vale a pena negar o “prazer” que trará destruição.
Como é para você fazer parte do time de onze autoras convidadas para escrever O poder da Igreja que ora?
Ser contada entre essas mulheres notáveis é uma grande honra. Algumas delas tiveram influência significativa na minha formação. Junto com elas, espero contribuir para o corpo de Cristo através desse livro.
Uma mensagem aos leitores?
É tempo de sermos despertados para uma verdade contundente: se o próprio Cristo praticava constantemente a oração, se ele nos ensinou como deveríamos orar, o que nos leva a pensar que é possível viver o cristianismo sem oração? Que a noiva de Cristo, que não se limita a placas denominacionais, se levante em íntima e perseverante oração, ato fundamental para um verdadeiro e profundo relacionamento com Deus. •
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