Reflita sobre a questão ao ler um trecho de “Deus e o dinheiro: Como descobrimos a verdadeira riqueza na Harvard Business School”, livro escrito por John Cortines e Gregory Baumer
A seguir, você lerá um trecho do livro Deus e o dinheiro: Como descobrimos a verdadeira riqueza na Harvard Business School, escrito por John Cortines e Gregory Baumer, um verdadeiro manual de administração e mordomia cristã para ser aplicado no dia a dia.
Em Deus e o dinheiro, John Cortines e Gregory Baumer, ex-alunos do MBA mais prestigiado do planeta, discutem as raízes bíblicas da generosidade. Aliando conhecimento teórico, pesquisas e a sabedoria das Escrituras, os autores apontam sete princípios bíblicos fundamentais sobre dinheiro e doação que surpreendem pela simplicidade e persuasão.
À medida que desenvolvem seus argumentos, os autores transformam o conceito de generosidade de mera obrigação moral para um estilo de vida prazeroso e pleno de significado existencial.
Ao final do artigo, você encontrará um link para a compra do livro e para o nosso bate-papo com os autores.
Boa leitura!
Dar aos pobres com generosidade é um dever moral em um mundo caído
Trecho de Deus e o dinheiro, livro escrito por John Cortines e Gregory Baumer
Vivemos em um mundo caído, e uma das consequências disso é a existência do sofrimento humano. O projeto Theology of Work relata que 1,4 bilhão de pessoas vivem em situação de extrema pobreza, ou seja, carecem dos recursos básicos de sustento. Outro 1,1 bilhão de pessoas vivem em condição de subsistência, “ganhando apenas o suficiente para comer”. Essas estatísticas revelam que mais de 1/3 dos seres humanos vivos hoje se encontra em condição de pobreza.
Em nenhuma parte da Bíblia Deus promete fartura material para toda a humanidade. Pelo contrário, as Escrituras deixam claro que esta vida será difícil para muitos seguidores de Deus. Aos antigos israelitas foi dito: “Sempre haverá pobres na terra” (Dt 15.11). Contudo, Deus tem amor profundo por toda a sua criação. E, com base nos ensinamentos de Jesus […], Deus sente forte empatia pelos pobres. Portanto, nós, a igreja, temos a obrigação moral de apoiar o próximo, em especial os pobres. O papa Francisco expressou isso muito bem quando escreveu que a igreja deveria ter “uma opção preferencial pelos pobres”.
Arthur Simon, ex-presidente da organização Bread for the World, observa que “há uma relação entre barrigas vazias em um continente e vidas vazias em outro”. Deixar de ajudar os pobres é um sinal de que não conhecemos a Deus, isto é, não entendemos seu amor por suas criaturas, nem nosso papel de colocar em prática seus propósitos na terra. Agora que servimos como as mãos e os pés de Jesus, devemos assumir sua bandeira de cuidado pelos desvalidos (Rm 12.3-8). Santa Teresa de Ávila, freira e escritora do século 16, compôs o poema a seguir, intitulado “Cristo não tem corpo”. Se os seguidores de Jesus não se importarem com aqueles a quem ele ama, quem o fará?
Cristo não tem corpo, senão o teu,
Não tem mãos nem pés na terra, senão os teus.
Teus são os olhos com os quais ele vê,
Compaixão deste mundo.
Teus são os pés com os quais ele anda para fazer o bem,
Tuas são as mãos com as quais ele abençoa o mundo inteiro.
Tuas são as mãos, teus são os pés,
Teus são os olhos, tu és o seu corpo.
Cristo não tem corpo hoje senão o teu,
Não tem mãos, nem pés na terra, senão os teus.
Teus são os olhos com os quais ele enxerga,
Compaixão deste mundo.
Cristo não tem corpo hoje na terra senão o teu.
Nosso dever moral de ajudar os pobres é reforçado pelo fato de que hoje, talvez pela primeira vez na história, a humanidade tem acesso coletivo a recursos suficientes para fornecer o sustento básico para todas as pessoas.
O romancista inglês John Berger afirma: “A pobreza do nosso século é diferente de qualquer outra. Não é, como antes, resultado da escassez natural, e sim de um conjunto de prioridades imposto sobre o restante do mundo pelos ricos. Em consequência, os pobres modernos não são alvos de compaixão […] mas são descartados como se fossem lixo. A economia do século 20 produziu a primeira cultura na qual um mendigo não é um lembrete de nada”.
Achamos que Berger vai longe demais ao culpar exclusivamente os ricos por toda a pobreza existente na terra hoje. A raiz do problema é multifacetada e inclui fatores que vão além da distribuição de renda (p. ex., políticas públicas, guerras, domínio da lei e, claro, decisões de responsabilidade individual). No entanto, Berger está correto ao destacar que nosso dever moral em relação à injustiça aumenta à medida que cresce nossa capacidade de remediar tal injustiça.
Nada disso quer dizer que ajudamos os pobres porque eles são necessariamente “merecedores” de nossa generosidade. Aliás, quem somos nós para decidir isso? Mas nós, cristãos, temos o dever moral de ajudar os pobres porque eles também são filhos de Deus e porque, ao apoiar nossos irmãos e irmãs, refletimos a natureza divina e lhe damos glória.
Deixemos Santo Agostinho apresentar o argumento final: “Portanto, cada vez que tiveste a oportunidade de ajudar os outros e te recusaste, sempre assim lhes fizeste mal”.
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Leia nosso bate-papo com John Cortines e Gregory Baumer:
MC entrevista John Cortines e Gregory Baumer, autores de “Deus e o dinheiro”