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Conselhos a quem está enfrentando crise de fé

Leia um trecho de Quando tudo está em chamas: Fé que surge das cinzas e reflita sobre os conselhos partilhados por Brian Zahnd, apontado com uma voz lúcida e cristocêntrica em nosso tempo 

A seguir, você lerá um trecho de Quando tudo está em chamas: Fé que surge das cinzas, livro escrito por Brian Zahnd, fundador e pastor da Word of Life Church, em St. Joseph, Missouri (EUA). Na obra, o autor revela porque tem sido apontado com uma voz lúcida e cristocêntrica capaz de trazer paz e esperança àqueles cuja fé está sendo provada. Com experiência pessoal e pastoral, o autor estende as mãos a quem se vê em crise de fé e mostra que é possível ter a convicção fortalecida mesmo em meio a ataques de todo tipo e à decadência moral e institucional que assola igrejas e lideranças

De acordo com seu website oficial www.ntwrightonline.org, o teólogo recebeu recentemente a medalha Burkitt da academia britânica por conta de serviços prestados aos estudos do Novo Testamento. Wright gosta de escrever, palestrar, orientar alunos e, ocasionalmente, jogar golfe. Além disso, ama passar tempo com a família em meio aos seus afazeres e às suas viagens.

Como numa conversa, Brian Zahnd combina história, filosofia, teologia e literatura para conduzir o leitor à reconstrução, ao retorno autêntico a Jesus de Nazaré, o Cristo ressuscitado, em sua inigualável beleza e verdade, que é plenamente capaz de fortalecer seu povo para interagir com o presente. 

No trecho abaixo, ele compartilha conhecimento e experiência obtidos ao longo de sua caminhada pastoral e oferece cinco conselhos a quem deseja ter a fé revigorada. Ao final do artigo, você encontrará mais informações sobre o livro Quando tudo está em chamas e os links para comprá-lo nos formatos impresso e digital. 

Conselhos adquiridos a duras penas

Por Brian Zahnd em Quando tudo está em chamas: Fé que surge das cinzas

Conversei com pessoas cuja fé foi ameaçada por maneiras erradas de pensar sobre a ciência, o inferno, a Bíblia e outras ideias nocivas que elas foram adotando ao longo do caminho. Consegui ajudar gente a superar essas escuras crises de fé e chegar a regiões ensolaradas de uma fé renascida. Então, por favor, permita-me compartilhar com você cinco conselhos adquiridos a duras penas.

Não tenha medo e não tenha vergonha. Passar por períodos de dúvida faz necessariamente parte do crescimento espiritual e não se trata de nada de que devamos sentir embaraço. Mateus conta que no encontro do Cristo ressuscitado com os apóstolos no monte da Galileia, eles “quando o viram, o adoraram; alguns deles, porém, duvidaram” (Mt 28.17). De que duvidaram eles? Duvidaram de que ele era Jesus?

Duvidaram de que Jesus estava realmente vivo? Duvidaram se deviam ou não adorar Jesus? Duvidaram de sua própria capacidade de pôr em prática a tarefa que Jesus lhes

estava passando? Quem sabe? Não temos informações sobre isso. Alguns duvidaram. E daí? A dúvida deles não desqualificou a fé que tinham, e a dúvida que você tem não deve desqualificar a sua fé. Às vezes a dúvida é a porta de entrada para uma fé melhor.

Aos quarenta anos de idade, eu comecei a duvidar de algumas coisas. Comecei a duvidar da escatologia dispensacionalista que eu havia herdado. Comecei a duvidar da compatibilidade de uma doutrina do eterno tormento consciente com o Deus de amor revelado em Jesus Cristo. Comecei a duvidar da confortável associação entre o patriotismo americano e o cristianismo. Comecei a duvidar da credibilidade do cristianismo consumista que era tão popular. E todas essas dúvidas eram boas! Eu estava duvidando daquilo de que se devia duvidar. Em certo sentido, posso dizer que duvidando forjei meu caminho rumo a uma fé melhor.

“Às vezes a dúvida é a porta de entrada para uma fé melhor.”

Brian Zahnd

Tenha em mente que sua casa teológica não é Jesus. Quando passei por um período de profunda reavaliação teológica — chame-a de desconstrução se preferir — eu nunca, nem

sequer uma vez, temi perder Jesus. Percebo que essa não é a experiência de todo mundo, mas por uma razão qualquer eu consegui fazer a vital distinção entre o meu Senhor e a minha teologia. Estava disposto a sacrificar todas as minhas certezas, toda a minha metodologia e, se fosse necessário, até a minha vocação para continuar na jornada de seguir Jesus. Eu podia orar: “Jesus, acredito em ti mesmo não sabendo exatamente o que isso significa ou como serão as coisas quando eu chegar ao outro lado de tudo isso”. 

Meu fator constante era minha fé em Jesus Cristo como o Filho de Deus. Essa fé não precisava estar vinculada a nenhuma específica escatologia, ou teoria da expiação, ou especulação acerca da vida futura. 

Quando converso com ex-cristãos que se tornaram ateus, muitas vezes lhes peço que descrevam o Deus em quem não acreditam, e quase sempre posso dizer: “Eu também não

acredito nesse Deus”. Se dizem: “Não consigo acreditar num Deus que fosse capaz de torturar eternamente a vasta maioria da humanidade simplesmente por não terem acreditado nas coisas certas”, eu respondo: “Eu também não consigo acreditar nesse Deus, e não acredito que esse Deus existe”. 

Esses céticos não são realmente ateus intelectualmente convictos; são ateus que protestam. Eles não levantam uma objeção racional contra Deus; levantam contra ele uma objeção moral. Estão dizendo que um Deus caprichosamente cruel não deveria existir. E tenho o prazer de anunciar que um Deus assim não existe. Por favor, entenda que você pode abandonar doutrinas absurdas e odiosas e ainda manter-se firme com Jesus.

Cuidado com o pêndulo. Uma reação raivosa contra tudo o que faz parte de sua herdada tradição é provavelmente insensata e desnecessária. Você não precisa aplicar uma bola de demolição a toda sua casa teológica. Tente agir em reação à luz e ao amor, não em reação à raiva e ao ressentimento. A menos que provenha de uma seita aberrante e abusiva, você provavelmente recebeu muitos tesouros de sua tradição que merecem apreço. Talvez lhe tenham transmitido uma escatologia ruim ou uma teologia desagradável do juízo final, mas também lhe falaram sobre o Jesus que perdoa os pecadores e oferece vida abundante. 

A menos que você provenha de uma comunidade religiosa deliberadamente manipuladora, sua igreja lhe transmitiu ideias erradas acerca de Deus de boa-fé — eles não estavam tentando enganar você, mas simplesmente não sabiam nada melhor. Estavam apenas tentando ensinar o que outros lhes haviam ensinado. Se você recebeu a graça de ver alguma coisa melhor, agradeça-lhes pelos erros que eles não puderam evitar. E aqui vai mais uma advertência sobre o fenômeno do pêndulo. 

Quando membros de uma tradição conservadora começam a questionar alguns princípios do conservadorismo teológico, eles com frequência acham um jeito de avançar com uma teologia mais progressista. Mas não se deve supor que um movimento progressista é em

todos os casos um jeito de avançar. É importante entender que o fundamentalismo progressista é exatamente tão falso e destruidor como o fundamentalismo conservador. Procuramos descobrir o Deus revelado em Cristo, não num -ismo, quer conservador quer progressista.

Abra-se para todo o corpo de Cristo. Aquelas crenças que mais precisam de desconstrução e reforma são geralmente o produto de campos isolados e sectários. O beco

sem saída teológico aonde você chegou pode ser apenas um beco sem saída numa vizinhança relativamente pequena dentro do vasto reino de Cristo. É muito improvável que os problemas teológicos com os quais você está lutando sejam exclusivamente seus. É mais provável que outros cristãos tenham se debatido com questões semelhantes durante séculos e que haja dezenas de bons livros para ajudar você a superar seus enigmas teológicos. Mas talvez você não os encontre em sua denominação ou movimento específico.

A solução pode ser você se tornar mais ecumênico e tentar ampliar o campo de suas leituras. Procure aqueles que são considerados os melhores pensadores e professores dentro de várias tradições: ortodoxa oriental, católica romana, anglicana, protestante tradicional, anabatista, evangélica e pentecostal. Eu me beneficiei muito da soteriologia ortodoxa, das práticas de formação espiritual católicas, da liturgia anglicana, da sabedoria tradicional, dos estudos pacíficos anabatistas, da energia evangélica e da ênfase pentecostal no Espírito Santo.

Tenha paciência — uma nova aurora vai chegar. Entre a morte na Sexta-Feira Santa e a ressurreição no Domingo de Páscoa, situa-se a paciente espera do Sábado Santo. Maria

Madalena viu Jesus morrer, e ela viu Jesus vivo de novo. Mas nesse ínterim ela teve de esperar durante um longo sábado. Se você esperar, encontrará Jesus outra vez de uma maneira nova. Se, porém, abandonar tudo, talvez nunca mais encontre Jesus num estado novo como o encontrou Maria. Se você está passando por uma desconstrução e esperando renovar sua casa teológica, lembre-se de que projetos de reforma levam tempo. Não importa o que lhe tenham dito, levará mais de duas semanas. 

Minha transição da água para o vinho levou vários anos, e mais outros anos foram necessários para conduzir a igreja através dessa transição. A maturidade espiritual reside na paciência, não em ações precipitadas. A jornada espiritual está, naturalmente, sempre em andamento, mas você não vai ficar desconstruindo e reformando para sempre. Tenha paciência, e chegará o dia em que sua fé encontrará espaço para um estado novo, com paz e contentamento. 

Lembre-se, Jesus chamou você, e ele não o abandonará. Você conhece a voz dele chamando. Conhece o amor dele atraindo você. Pode confiar naquela voz e pode confiar naquele amor. Esteja certo de que Jesus está guiando você para um bom lugar. T. S. Eliot disse isso desta maneira: 

Com o traçar deste Amor e a voz deste Chamado

Não cessaremos a exploração

E o fim de nosso explorar

Será chegar aonde começamos

E conhecer o lugar pela primeira vez.

Zahnd, Brian. Quando tudo está em chamas: fé que surge das cinzas. 1. ed. – São Paulo: Mundo Cristão, 2022. Pgs 71 a 76. 

Saiba mais! 

É possível agarrar-se à fé cristã numa época de descrença? A resposta é sim.   

Quando tudo está em chamas elucida problemáticas candentes e desperta questionamentos necessários, para que o leitor reconheça as feridas e as perguntas que assombram sua mente, como incentivo a apresentá-las a Jesus Cristo.

Longe de ser teórico e impessoal, Quando tudo está em chamas surpreende pela leveza, criatividade e empatia com que se conecta com o leitor, para dissipar a névoa que o impede de contemplar o Deus Todo-poderoso, Santo e Justo, que é o mesmo ontem, hoje e sempre.

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