“Há de fato algo para comemorar no Natal, algo fundamental sobre nossa condição humana e a existência de uma realidade que a transcende: há beleza, bondade e verdade no mundo, e sua fonte é sobrenatural”
Por Mark Carpenter, presidente da Editora Mundo Cristão
Em toda a minha vida, nunca encontrei alguém que amasse o Natal mais que minha mãe. Ela decorava a casa já em novembro, e deixava tudo no lugar até quase fevereiro. Em nossa pequena cidade no norte do Paraná, nem sempre ela encontrava decorações de bom gosto, então valia tudo, inclusive a breguice das árvores de alumínio sob luzes coloridas e música natalina à harpa paraguaia. Nada a impedia de decorar com a exuberância que a festa pedia.
Ela amava o Jesus do Natal mais que a festa em si, e este amor motivava seu espírito de celebração. Mais importante que o bom gosto na decoração era a própria celebração, que anunciava a lembrança da vinda de Deus à terra dos homens.
Hoje há distorções, claro, na maneira de celebrar. Jesus deu lugar a Papai Noel, “Feliz Natal” deu lugar a “Boas Festas” e a narrativa do bebê na manjedoura foi substituída por uma infinidade de historinhas de animaizinhos e monstrinhos ou romances que começam com um beijo sob folhinhas de azevinho. Mas mesmo as distorções mais absurdas nos lembram de que há de fato algo para comemorar, algo fundamental sobre nossa condição humana e a existência de uma realidade que a transcende: há beleza, bondade e verdade no mundo, e sua fonte é sobrenatural.
Esta realidade é o que motivou a fundação da nossa editora, e é o que nos sustenta até hoje. Em 2022 editamos 42 livros novos, obras baseadas no Evangelho que estimulam e inspiram a igreja e a sociedade. Para a editora, foram muitos os desafios do ano: o aumento estratosférico no preço de papel, a volta da inflação, a polarização exacerbada pelas eleições e pelas disputas doutrinárias nas redes sociais.
O caminho da sobrevivência e do crescimento não é único. Muda de acordo com a cor do cenário. O percurso passa sempre pela fidelidade de leitores ávidos por boa literatura e pelas vozes reconfortantes, inovadoras ou proféticas de escritores que nos ajudam a fazer sentido das nossas próprias vidas. A dinâmica da produção e consumo de livros perpetua a nossa continuidade.
Para o ano de 2023, desejamos para todos os leitores o que queremos para nós mesmos: inspiração nas páginas de um bom livro, reflexão que nos conduz ao melhor caminho, e desprendimento para celebrar a fonte da beleza, da bondade e da verdade.
Leia também:
O desejo da Mundo Cristão: “Ser fonte de bênção literária e de prazer da leitura”