A escalada de violência a que o bullying pode chegar é perigosíssima. Pais, mães, professores e profissionais da educação precisam ficar atentos
No último dia 6 de junho, um adolescente de origem indígena Otomi (México), teve as calças ensopadas em álcool e covardemente ateadas a fogo em plena sala de aula. Juan Pablo, 14 anos, vítima bullying e discriminação racial, sofreu queimaduras de segundo e terceiro graus e precisou passar por diversos procedimentos cirúrgicos. O menor teve alta no dia 11 de julho e está em recuperação em sua casa, na cidade de Querétaro.
O caso gerou comoção e está sendo investigado por autoridades locais. Ele traz à tona a gravidade a que o bullying pode chegar, inclusive em se tratando de ação consumada por menores — os agressores de Juan Pablo têm apenas 13 anos. Dentre as pautas, também estuda-se um possível caso de omissão e/ou participação da professora em atos de discriminação em sala de aula. Os pais de Juan reforçam que seu filho foi vítima de tentativa de homicídio.
O bullying, uma tortura
Historicamente, o bullying está por trás de muitos casos de suicídio, agressão e morte. Ele envolve violência, humilhação e discriminação constantes e pode escalar para situações em que há risco de vida. Conforme sugere Cris Poli, autora do livro Bullying: Como prevenir, combater e tratar, o bullying é uma forma de tortura e, como tal, não pode ser ignorado. No livro, a educadora dedica um capítulo inteiro para elucidar os principais danos causados pelo bullying.
“Se não há uma reação contra a prática do bullying, a vítima fica cada vez mais retraída, distante, afastada de tudo, introvertida, ensimesmada. Essa postura costuma encorajar os agressores a continuar seu assédio, acrescentando novas atitudes violentas sobre essas crianças — o que gera prazer para o praticante da violência”, afirma a educadora.
“Não estamos lidando apenas com uma brincadeira ou um comportamento normal ao desenvolvimento, mas, sim, com um mal que pode originar tragédias.”
Cris Poli em “Bullying: como prevenir, combater e tratar”
A agressão constante que caracteriza o bullying pode impactar profundamente o desenvolvimento integral de quem sofre, com reflexos no comportamento e na personalidade. Às vezes, a opressão sofrida traz consequências até mesmo psicossomáticas na forma de insônia, medos ou temperamento explosivo.
Impactos na vida adulta e profissional
De acordo com Cris Poli, se ocorrer ao longo de anos, desde a infância até a adolescência, o bullying pode ter consequências na vida adulta. Isso acontece porque as agressões sofridas vão, com o passar do tempo, modelando e formando toda a maneira de essa pessoa se relacionar com o mundo.
Se não tratados, os efeitos nocivos do bullying podem se estender, inclusive, para a vida profissional, já que a insegurança, os problemas de relacionamento e as dificuldades de lidar com questões inerentes ao ambiente profissional podem fazer com que as vítimas sejam “engolidas” pelas demandas do ambiente corporativo e superadas pelos concorrentes. Conforme aponta Cris, por trás de posturas que muitas vítimas adotam no relacionamento interpessoal, esconde-se a carência de se sentirem aceitas socialmente.
“Tais indivíduos começam a cobrar atitudes de si mesmos a fim de agradar os outros, no intuito de ser aceitos socialmente. Afinal, o que ficou registrado em sua mente e em suas emoções é que eles não são aceitos. E, para evitar a rejeição, essas pessoas começam a se cobrar atitudes que normalmente um adulto seguro de si não tomaria”.
Cris Poli também sinaliza que não é raro encontrar quadros de depressão — e sintomas de pessimismo, tristeza e apatia — entre as vítimas de bullying, umestado cada vez mais comum entre crianças. Fobia escolar, isolamento, baixa autoestima, choro fácil, sentimentos de solidão ou abandono, medo, raiva e desamparo também estão entre os sinais de atenção.
Um alerta
Se você é pai, mãe, professor, profissional da educação ou alguém que percebe que o bullying está sendo praticado em sua casa, entre seus familiares, em sala de aula ou local de trabalho, tome uma atitude rapidamente, não se cale nem se omita. Busque informação qualificada acerca de como agir e informe as autoridades ou pessoas competentes, como a direção escolar e os responsáveis pelos envolvidos. Bullying não é brincadeira e precisa ser abordado de forma adequada e segura. Sua atenção e proatividade podem, inclusive, salvar vidas.
Se deseja saber mais sobre o assunto, indicamos a leitura do livro Bullying: Como prevenir, combater e tratar, escrito por Cris Poli, conhecida em todo o país por comandar a versão brasileira do programa Supernanny. Na obra, a educadora oferece um roteiro de reflexões cuidadosamente elaboradas, com vistas a proporcionar ferramentas que auxiliem pais e educadores a tornar os filhos indivíduos bem ajustados socialmente e adultos normais e psicologicamente equilibrados.
Ao longo da obra, Cris Poli ajuda o leitor a identificar a ocorrência de bullying na família e na escola, aborda os principais danos que a violência pode causar e dá orientações para o tratamento de vítimas e agressores. Atualíssimo, o livro também traz um alerta quanto à questão do cyberbullying, comdicas de segurança na Internet.
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