Neste 25 de novembro, Dia Internacional de Não Violência contra as Mulheres, compartilhamos informações imprescindíveis escritas por Fabiola Melo em seu livro “A culpa não é sua”
Por Fabiola Melo em A culpa não é sua
Vejo, com frequência, meninas que não sabem identificar o que aconteceu com elas como alguma forma de abuso. Por essa razão, gostaria de compartilhar informações esclarecedoras acerca do que, exatamente, é abuso sexual.
Segundo o psiquiatra especializado em abuso sexual Dan Allender, autor do livro Lágrimas secretas: Cura para as vítimas de abuso sexual na infância, abuso sexual é mais do que a frágil noção que muitas pessoas têm. Todo abuso é uma violação da alma humana, que causa muitos danos, ainda que em níveis distintos.
Todo abuso causa danos, mas, quando é cometido por um membro da família ou alguém de confiança da vítima, o estrago tende a ser maior. As sequelas do abuso são influenciadas por fatores como: idade da vítima, número de vezes em que aconteceu, nível de severidade e o tipo de laço sentimental entre vítima e agressor.
As estatísticas mostram que o abusador geralmente é alguém conhecido e importante para a vítima, como alguém dentro da igreja, um parente ou um vizinho. Ele pode ser mais velho ou ter uma idade próxima da vítima. Embora a maioria dos abusos seja cometida por adultos do sexo masculino contra meninas, também pode ocorrer por parte de mulheres e, em ambos os casos pode focar-se em meninos e/ou meninas.
“As estatísticas mostram que o abusador geralmente é alguém conhecido e importante para a vítima, como alguém dentro da igreja, um parente ou um vizinho.”
O abuso é caracterizado por qualquer forma de violação, desde o olhar insinuante de um estranho até uma relação sexual provocada sem consenso mútuo. Em graus diferentes, tais ocorrências causarão impactos na alma da vítima, pelo simples fato de ir contra o que Deus planejou.
É importante sublinhar que nem todo abuso sexual envolve contato físico. Qualquer comportamento ou atitude que passe uma mensagem de que “o seu corpo não é apenas seu”, ou seja, que ultrapasse os seus limites, é tão danoso quanto a forma de abuso que envolve toque e invasão do corpo alheio.
Meninas em fase de desenvolvimento que se sentem violadas por olhares indiscretos e perguntas sugestivas a respeito de sua sexualidade, por exemplo, estão sofrendo abuso sexual. E essas situações aparentemente mais “leves” abrem espaço para investidas mais severas.
Outra violação de limites vivenciada na infância é a inversão de papéis. Quando uma criança é levada a assumir o papel de um dos pais, tornando-se uma “pequena adulta”, ela passa a se ver na obrigação de não demonstrar fraqueza. Isso aumenta o problema porque, caso venha a sofrer abuso, a criança se sentirá no dever de lidar, sozinha, com aquele problema, sem sequer confidenciar o que lhe aconteceu.
Assim, quando um dos pais delega ao filho ou à filha deveres do outro cônjuge — como o papel de confidente, aliado a títulos como “meu companheiro” ou “amor da minha vida” — ou quando existe um ambiente de frieza, dureza e ausência de afeto, a criança se torna vulnerável. E, com isso, está montado o cenário perfeito para uma possiblidade de abuso.
Abuso por contato físico
O abuso por contato físico se dá quando o agressor: beija com conotação sexual; toca sensualmente em partes específicas do corpo da criança, como nádegas, coxas, pernas, seios e genitais (ainda que por cima da roupa); faz toque manual ou penetração (forçada ou não) na vítima; simula relação sexual com a vítima ou dá ou recebe sexo anal ou oral (forçado ou não). É importante saber que, ainda que você acredite não ter sido obrigada, pode ter sido levada a consentir por algum tipo de coação ou manipulação.
Interações sexuais e psicológicas
Além do abuso por contato físico, também é caracterizado abuso sexual determinados tipos de interações psicológicas. Por serem pouco mencionadas, essas ocorrências são bastante negligenciadas. Muitas vítimas vivenciam um processo de cura bem mais difícil quando os danos vêm de abusos disfarçados ou subliminares, ao contrário de vítimas que sofreram abusos severos, mas identificaram o problema antecipadamente.
As interações sexuais também podem ser verbais. Por exemplo, se alguém da sua família a observa de cima a baixo e faz comentários constrangedores, como: “Ah, se eu fosse alguns anos mais jovem” ou “Uau, que corpo você está ganhando, hein?”. O abuso verbal também ocorre quando o agressor convida a vítima para atividades sexuais ou lhe descreve práticas sexuais ou, ainda, faz uso contínuo de linguagem ou termos sexuais nos diálogos com a vítima.
Interações sexuais visuais são igualmente danosas. Aqui se encaixam situações como quando o agressor apresenta à vítima ou usa diante dela elementos da pornografia; expõe relações sexuais ou órgãos genitais (ainda que para trocar de roupa ou tomar banho); mostra material sexualmente provocativo (como roupas íntimas ou brinquedos eróticos); olha de maneira inadequada para partes do corpo (cobertas ou não) da vítima ou observa peças de roupas íntimas da vítima com propósito de excitação sexual.
“Uma menina me relatou, por exemplo, que seu pai sempre arranjava uma desculpa para pegar algo dentro do banheiro no momento em que ela estava tomando banho, o que a fazia sentir-se muito mal.”
Fabíola Melo em “A culpa não é sua”
Já as interações sexuais psicológicas ocorrem quando o agressor ultrapassa os limites físicos e sexuais da vítima; mostra interesse exagerado na menstruação, nas roupas e na maturidade sexual da vítima ou faz uso contínuo de medicamentos introduzidos pelo reto da vítima. Um exemplo de interação sexual psicológica é o de uma mãe que sempre compartilhava com o filho adolescente detalhes sobre a vida sexual com o pai, buscando consolo ou conselhos, o que claramente viola as barreiras naturais de mãe e filho.
Essas explicações são necessárias para que você saiba se o que sofreu foi um abuso sexual. Mas, caso perceba que se tratou mesmo de abuso, tenha a certeza de que a agressão que você sofreu na igreja, em casa, na escola ou no trabalho não determinará o seu futuro. Existe esperança!
Saiba mais sobre o livro A culpa não é sua
Por meio de uma abordagem urgente e reveladora, Fabiola, vítima de abuso quando criança, usa sua expertise de comunicadora e influenciadora para pôr a boca no trombone e conclamar toda pessoa que sofreu (ou sofre) abuso a denunciar o crime. Como alguém que conversa com a leitora de igual para igual, ela compartilha sua própria história de dor e angústia e revela os passos que trilhou para a cura de sua alma. Com sensibilidade e firmeza, Fabiola conduz as leitoras em um lindo processo de renovação da autoestima por meio do conhecimento do amor de Deus, trazendo à tona verdades que saram e restauram. Para comprar o seu exemplar, clique aqui.
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