Por Brennan Manning em “O evangelho maltrapilho”
Para os olhos da fé, cada coisa criada manifesta a graça e a providência de Abba.
Ficamos tão preocupados conosco, com as palavras que falamos e com os planos e projetos que concebemos, que nos tornamos imunes à glória da criação.
Mal notamos a nuvem que passa sobre a lua ou as gotas de orvalho nas folhas da roseira. O gelo cobrindo o lago vem e vai.
As amoras silvestres amadurecem e murcham. A graúna faz seu ninho do lado de fora da nossa janela e não a vemos. Evitamos o frio e o calor.Refrigeramos a nós mesmos no verão e sepultamo-nos debaixo de plástico no inverno.
Rastelamos cada folha assim que ela cai. Estamos tão acostumados a comprar carne, aves e peixe preembalados no supermercado que nunca paramos para pensar sobre a liberalidade da criação de Deus.
Tornamo-nos complacentes, vivendo vida prática. Perdemos a experiência do assombro, da reverência e da maravilha.
Nosso mundo é saturado com graça, e a presença furtiva de Deus é revelada não apenas no espírito, mas na matéria – num gamo que atravessa aos saltos uma campina, no voo de uma águia, no fogo e na água, num arco-íris após uma tempestade, numa corsa gentil correndo pela floresta, na nona sinfonia de Beethoven, numa criança lambendo um sorvete de chocolate, no cabelo ao vento de uma mulher.
Deus queria que descobríssemos sua presença amorosa no mundo ao nosso redor. […]
Precisamos redescobrir o evangelho da graça e o mundo da graça.
Brennan Manning. O evangelho maltrapilho. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2005. Págs. 90 e 91.Adaptado.