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Conteúdo especial traduzido e publicado com autorização de Christianity Today.
Oito anos atrás, Francis Chan renunciou ao cargo de pastor sênior da Cornerstone Community Church, em Simi Valley, Califórnia (EUA) — a igreja que ele ajudou a crescer e que, de 30 pessoas reunidas em uma sala de estar, passou a ser um ministério multimilionário. Ele não estava cansado do trabalho que desenvolvia, tampouco teve alguma falha moral que o desqualificasse para a posição. Francis simplesmente se convenceu dos desafios que tinha ao dirigir um grande ministério de acordo com os valores bíblicos.
Chan vendeu sua casa e passou um ano viajando pelo sudeste da Ásia, visitando igrejas e interagindo com lideranças. De volta à Califórnia, começou a plantar igrejas em sua casa e nas casas de outras pessoas na região de São Francisco. Seu último livro, Cartas à igreja, é uma chamada pastoral para as igrejas considerarem se seus valores e práticas são consistentes com as Escrituras. Rachael Starke conversou com Chan sobre as bênçãos que advêm do compromisso com a vida da igreja como Deus a projetou.
Seu livro exorta as igrejas a se comprometerem novamente com as práticas de Atos 2, como a oração fervorosa, o amor e o serviço radicais e a comunhão dos irmãos no contexto do lar. Mas muitas dessas práticas são contrárias à forma de vida digitalizada em que vivemos hoje, especialmente em lugares como São Francisco. Como as revoluções na tecnologia influenciaram as práticas e os hábitos da igreja americana?
A tecnologia realmente está relacionada à velocidade: fazer tudo mais rápido e com menos esforço. Somos tentados a querer que a igreja seja da mesma maneira — queremos que nos permita realizar o que quisermos no menor tempo possível. Mas a bênção vem do trabalho propriamente dito, do trabalho duro que fazemos para amar e servir uns aos outros. O que poderia ser melhor do que isso?
Muitos livros sobre o ministério da igreja enfatizam adultos ministrando a crianças. Mas você propõe algumas ideias intrigantes sobre as crianças que servem à igreja. O que seria isso?
Meus filhos têm todos esses “tios e tias” que são apenas irmãos e irmãs em Cristo. Neste momento, meus filhos mais velhos estão discipulando os mais novos e outros colegas. Nós amamos os filhos uns dos outros: alguém está sempre dormindo em minha casa, ou meus filhos estão dormindo em outro lugar.
Quando nos reunimos, eles ficam envolvidos na condução da música — tocando instrumentos e cantando —, e compartilham o que estão aprendendo na leitura da Bíblia. Durante uma reunião, meu filho de 12 anos falou sobre sua experiência de levar seu amigo ao Senhor; esse amigo tem “dois pais” e não pode ir à igreja. Assim, ele compartilhou conosco o fato de ser o único discipulador que seu amigo, um jovem crente, tem agora. Em outra ocasião, as crianças convidaram o professor de ciências para o nosso encontro. Com sua obediência, elas convencem as pessoas que estão na sala mais do que eu jamais poderia.
Se Francis Chan leva alguém ao Senhor, é meio que esperado. Mas quando minha filha de sete anos ora por sua amiga por semanas ou meses, e então a amiguinha acaba vindo à nossa reunião em casa, isso é uma coisa linda.
Você desafia as igrejas a avaliarem suas tradições e práticas tendo como perspectiva aquilo que Deus realmente prescreve na Bíblia. O que você diria àqueles que consideram as tradições como meios contemporâneos para realizar atividades com finalidades bíblicas?
Existe uma ideia de que todas as coisas são permitidas. Mas pode ser que uma pessoa passe tanto tempo com o que é permitido que negligencie o que realmente é um mandamento. O que digo é: vamos obedecer aos mandamentos primeiro.
Temos de considerar também o subproduto de fazer algumas coisas que parecem inofensivas. Às vezes, coisas boas acontecem e não consideramos o custo, seja dinheiro gasto ou tempo investido. Como um jovem pastor nos anos 90, lembro-me de ir a um evento de crescimento da igreja, um musical de Natal. O que aconteceria se as pessoas daquela igreja tivessem passado todo o tempo investido conversando verdadeiramente com seus vizinhos? Algumas igrejas na América não acreditam que podem fazer discipulado ou evangelismo. Mas, em países como a China e a Índia, os cristãos esperam que podem fazê-lo, e o fazem.
Cristãos americanos estão cada vez mais atentos às chamadas questões de justiça, como o alívio do sofrimento ou o combate à perseguição religiosa no país e no exterior. Mas o seu livro não menciona essas questões com muita profundidade. Por que não?
Quando voltei da África pela primeira vez, fiquei obcecado com as pessoas que estavam morrendo de fome e sofrendo. Eu fiquei apaixonado pelos refugiados sudaneses e queria aprender o máximo que pudesse sobre as questões que os afetam, como o tráfico de pessoas. Tudo isso foi bom e necessário, e agradeço a Deus pela forma que me ajudou naquele trabalho. Mas eu não tinha Cristo como o centro.
Tem de haver uma maneira de se preocupar com o sofrimento e a injustiça que não eleve essas questões acima do próprio Cristo. […] Amar Jesus tem de ser central. Eu não busquei evitar questões de justiça no livro tanto quanto eu tentei enfatizar o que a própria Bíblia enfatiza acima de tudo.
Em muitos lugares, o ministério bivocacional é visto, na melhor das hipóteses, como um compromisso necessário quando não há dinheiro suficiente para contratar um pastor em tempo integral. Por que você fez desse modelo uma marca registrada de suas igrejas?
Eu não digo que é o único caminho; se eu o fizesse, estaria em pecado. Há certamente um precedente bíblico para pagar quem trabalha na igreja. Eu só defendo o ministério bivocacional porque eu vi os benefícios. Neste momento, temos cerca de 40 pastores que representam diferentes esferas da vida — um policial, um professor de escola, um rapaz da área da tecnologia, um trabalhador de restaurante e um homem que estava desabrigado há dois anos. Esses são meus líderes. Quando as pessoas os veem, elas pensam: “Não tenho desculpa para não fazer discípulos”.
Ajustar-se a novos paradigmas para a vida da igreja é difícil; você menciona uma pessoa em sua congregação que comparou a mudança vivida com se passasse da patinação artística para o hóquei competitivo. Como os que estão em posições de liderança — ou os que estão sentados nos bancos — devem iniciar conversas sobre fazer grandes mudanças?
Em Cartas à igreja, eu escrevi um epílogo intitulado “Sobrevivendo à arrogância” para resolver justamente esse problema. Eu podia ver pessoas marchando para o escritório de seu pastor e dizendo: “Estamos ‘ferradas’ e Francis Chan diz isso”. Há uma maneira humilde de abordar essas questões e outra não tão humilde.
Quando eu estava na Cornerstone, queria mudar tudo da noite para o dia. Eu tentava fazê-lo através de um sermão ou de uma mudança nos programas. Mas o discipulado leva tempo. Eu pensava que se eu pregasse um determinado sermão, tudo mudaria imediatamente. Esse trabalho, porém, leva muito tempo e muito esforço.
Espero que as pessoas não sejam atraídas pelos números; que surjam novos líderes que iniciem suas próprias igrejas; que alguns líderes que percebem que há pecado em sua vida se afastem e, assim, dediquem tempo para realinhar sua caminhada com Cristo. Espero também que os leitores tenham um novo senso de esperança — que as coisas sobre as quais escrevo sejam para hoje tanto quanto eram para a igreja primitiva. Eu quero que as pessoas parem de olhar para passagens em Atos como se elas fossem uma hipérbole em vez da verdadeira Palavra de Deus. […] •
Saiba mais!
Em Cartas à igreja, Francis Chan, autor de Louco amor, desafia o leitor a avaliar a organização atual e a relevância (ou irrelevância) da igreja para o mundo em que vivemos. E, mais importante, quão próxima ou distante ela está do que as Escrituras apontam como o seu propósito, que é sinalizar o reino de Deus.
No livro, Chan conta sua experiência como plantador de igrejas e o que aprendeu com os erros e com os acertos, numa avaliação honesta e não menos crítica dos descaminhos trilhados por comunidades cristãs ao redor do planeta.
Engana-se, no entanto, quem espera um mero desabafo. O famoso e querido pastor apresenta instruções valiosas para igrejas que não só querem compreender seu papel bíblico mas também anseiam por inspirar vitalidade, compromisso e significado.
Cartas à igreja é, portanto, um chamado para fazer diferença!
A novidade já está à venda nas livrarias.
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