Saiba mais sobre o assunto em texto escrito por Augustus Nicodemus em “Cristianismo descomplicado”
Por Augustus Nicodemus em Cristianismo descomplicado
Um dos grandes desafios dos cristãos de nossos dias é
saber como se portar frente ao relativismo cultural, que vem sempre acompanhado de adversidade religiosa.
São cada vez mais comuns frases como “Cada um tem a sua verdade” e “O que é certo para mim pode não ser certo para o outro”.
Infelizmente, muitos cristãos estão sendo confrontados com isso.
O relativismo impera em todos os âmbitos da sociedade ocidental. Vivemos o período chamado de pós-modernidade, caracterizado, entre outras coisas, pelo desencanto com a busca pela verdade.
Os pensadores desse período passaram a crer que o motivo pelo qual nunca se chegou à verdade plena e completa mediante a racionalização filosófica é simplesmente porque ela não existe.
Assim, o foco cultural passou a ser o relativismo, isto é,
as pessoas começaram a crer que toda verdade é relativa, mero produto das experiências de cada um: como os indivíduos e suas experiências são diferentes, a verdade sempre será diferente.
O resultado desse raciocínio é que o que é verdade para você pode não ser para mim.
Nesse ambiente de verdade relativa, exige-se ser politicamente correto.
Não podemos dizer que nosso discurso é verdadeiro e que o dos outros é falso, porque isso seria visto como arrogância de nossa parte.
Afinal, quando se pensa assim, o discurso cristão parece muito soberbo, uma vez que afirmamos que Jesus é o único caminho (Jo 14.6), que não há outra possibilidade de se chegar à verdade que não passe por Cristo.
Essa afirmação é bastante ofensiva para ouvidos pós-modernos, com todos os seus conceitos relativistas.
Assim, além da ideia relativista, da linguagem politicamente correta,
há também a ideia da inclusão, segundo a qual é preciso aceitar todos os pontos de vista.
Como conviver em ambiente tão contrário ao pensamento cristão?
Temos de começar afirmando que tal pensamento pós-moderno relativista é hipócrita. Examine o seguinte pressuposto: “Toda verdade é relativa”.
Ora, se toda a verdade é relativa,
então essa verdade — a de que toda verdade é relativa — também é relativa! As pessoas que promovem o relativismo se baseiam em uma verdade absoluta para afirmar que não existe verdade absoluta!
Se eles dizem que não existe uma única interpretação, que cada um tem a sua própria, então por que alguém deveria ler um livro que defende o relativismo e ainda tendo de aceitar a interpretação do autor?
Por que pessoas se dão ao trabalho de escrever livros e mais livros afirmando que não há interpretação verdadeira se, na realidade, querem que as pessoas leiam seus livros e concordem com suas ideias?
Assim, o cristão pode começar perguntando ao relativista:
“Essa sua frase de que a verdade é relativa é relativa também?”.
Também é importante lembrar que Deus, em sua misericórdia e em sua providência, se revelou historicamente por meio do povo judeu, a quem ele confiou a Escritura do Antigo Testamento.
Depois, enviou seu único Filho, Jesus Cristo, que reuniu discípulos a fim de registrar alguns de seus feitos.
E mais, eles interpretaram o significado da vida e obra de Cristo para nós, naquele livro que chamamos Bíblia, a Palavra de Deus. É nesse livro que encontramos a revelação absoluta, final e verdadeira do Senhor.
O conteúdo da Bíblia não é incompatível com o que a academia ou a ciência descobre.
Refiro-me às origens, ao funcionamento do mundo, às leis naturais. Na Bíblia é dito que há um Deus de ordem, que criou o mundo de acordo com leis naturais que preservam o funcionamento do universo.
Vemos também na Bíblia que esse Deus criou o mundo com uma variedade muito grande de seres vivos.
Não se encontra nada nessa revelação escrita,
absoluta e final de Deus ao homem que seja incompatível com o que a ciência moderna vem dizendo.
Quando digo que há verdade absoluta, não estou ignorando que temos percepções diferentes, por vezes, dessa verdade.
Em outras palavras,
posso ter uma compreensão de um ponto verdadeiro que é influenciado ou informado pelo contexto em que vivo.
Não nego isso. Mas pode ocorrer de sua perspectiva e a minha se complementarem, numa visão mais ampla daquela verdade.
Por exemplo,
conta-se que três cegos vieram a conhecer um elefante por meio do tato, apalpando-o.
Assim, uma pessoa levou esses homens ao zoológico. O primeiro apalpou a barriga do elefante e disse: “É uma grande parede”.
O segundo apalpou a perna do elefante e disse: “Este animal é como uma árvore, um tronco”.
O terceiro apalpou a cauda do elefante e disse: “O elefante é como uma mangueira”.
Qual é a conclusão?
O elefante era único, ele tinha a sua verdade absoluta, mas a percepção daquela verdade podia ser vista por diversos ângulos.
Se os três cegos compartilhassem suas percepções, de repente poderiam chegar à verdade total.
Às vezes, nossa percepção da verdade pode ser relativa, mas o conjunto de percepções por fim se harmonizam e se completam, dando-nos uma visão mais ampla.
Por isso mesmo é importante que ouçamos as outras pessoas, porém, sem nunca abrir mão da defesa da realidade: a de que há absolutos.
“É importante que ouçamos as outras pessoas, porém, sem nunca abrir mão da defesa da realidade: a de que há absolutos.”
Por que isso é importante?
Porque cremos que nosso Deus é alguém imutável em seu ser, em sua sabedoria, em seu conhecimento.
Ele tem uma vontade, que nos foi revelada, por exemplo, nos Dez Mandamentos.
Quando lemos “Não adulterarás”, isso é uma verdade absoluta, que significa que Deus desaprova o indivíduo que trai o cônjuge.
Para o cristão,
isso é verdade no Brasil, na China, no Japão, na Austrália ou onde for.
É verdade desde que existiu a humanidade e é ainda hoje, pois trata-se de uma verdade absoluta.
Não há nenhuma circunstância em que o adultério seja aceito por Deus. Não se trata de uma questão cultural, relativa.
Enfim, se você for confrontado pelo relativismo,
primeiro, exponha a hipocrisia do pensamento relativista.
Segundo, esteja firme na Palavra de Deus. Terceiro, afirme a existência de valores absolutos, imutáveis e válidos para todos os tempos e povos.
Quarto, a pluralidade pode enriquecer nossa visão da realidade, portanto, converse com pessoas que pensam diferente de você, procure entender o ponto de vista delas e, de repente, se aperceberá de que as diferenças não são tão grandes.
O homem, como é à imagem e semelhança de seu Criador, sabe no fundo do coração que existe um Deus e que há um padrão absoluto.
Fique por dentro!
O artigo que você acabou de ler é um trecho do livro Cristianismo descomplicado – Questões difíceis da vida cristã de um jeito fácil de entender.
Nele, Augustus Nicodemus coloca um ponto final naquelas dúvidas que dão um nó nos neurônios de muitos cristãos em assuntos relacionados à fé.
Em poucas palavras, mas com riqueza teológica, ele esclarece temas difíceis e oferece uma resposta bíblica e contundente a diversas questões polêmicas de nossa época.
Tópicos como ideologia de gênero, sofrimento, divórcio e novo casamento, submissão feminina, sexualidade sadia, possessão demoníaca, suicídio e muitos outros são abordados com uma linguagem fácil de entender e com profundo senso pastoral.
Outros livros do autor:Polêmicas na IgrejaO que estão fazendo com a IgrejaO ateísmo cristão e outras ameaças à igrejaCristianismo simplificado
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