Para Richard Sterns, ex CEO da Lenox, tais circunstâncias exigem “perseverança situacional”. Saiba mais ao ler um trecho de A liderança que Deus valoriza: 17 valores que moldam o sucesso
Perseverança situacional
Por Richard Sterns em A liderança que Deus valoriza
A perseverança situacional (que resiste em meio a circunstâncias difíceis) é diferente da perseverança quanto a metas. A vida é complicada, e poucos de nós a atravessarão sem enfrentar uma sucessão de situações desafiadoras que exigirão resistência. Lutar contra uma doença, cuidar de pais idosos, criar um filho com deficiências ou perder um emprego são apenas alguns exemplos.
E, no curso de sua vida profissional, é quase certo que você se verá em uma série interminável de situações no trabalho que exigirão perseverança: uma cultura de trabalho insalubre, cortes profundos no orçamento de seu departamento, ser preterido numa promoção, trabalhar para um chefe
temperamental, uma recessão econômica, uma carga de trabalho opressora, problemas contínuos com um colega, ou talvez até uma pandemia global que exija que você trabalhe em casa e com distanciamento social por muitos meses.
Essas situações não apenas desafiarão sua habilidade de resistir, mas também testarão sua fé cristã.
Como seguidor de Cristo, a resposta que você dá à adversidade é um dos principais determinantes da efetividade de seu testemunho no trabalho. Permita-me compartilhar uma dessas histórias de minha carreira com a qual você talvez se identifique.
Eu estava na Lenox havia seis anos quando o diretor executivo que havia me contratado e com quem eu havia trabalhado tão bem deixou a empresa. Durante nossos anos juntos, ele havia me promovido diversas vezes — até que cheguei a diretor de operações. Quando ele partiu, eu tinha esperanças de que isso poderia ser uma boa oportunidade e que eu seria selecionado para substituí-lo como presidente e diretor executivo.
Entretanto, isso não estava nos planos. Em vez disso, o presidente da empresa-mãe da Lenox decidiu contratar um novo diretor executivo de fora da empresa. Em outras palavras, fui preterido. Embora me sentisse desapontado, é claro, eu estava determinado a dar o melhor de mim, apoiando o novo líder.
A princípio, todos nutriam a esperança de que o novo líder seria capaz de apresentar valor real e ajudar a levar a Lenox a um patamar mais elevado. Levou apenas algumas semanas, porém, para que as pessoas compreendessem que aquela seria uma jornada complicada. Embora ele viesse para a empresa com novas perspectivas e abordagens, o novo diretor executivo também demonstrava um estilo de liderança volátil e intimidador.
Era comum que ele repreendesse e constrangesse as pessoas de forma pública durante as reuniões. Às vezes, quase se conseguia ver as nuvens de tempestade se formando em seu rosto antes que ele descarregasse a raiva em alguém. Ele podia ser cruel, manipulador e interesseiro. As pessoas começaram a temer suas sessões com ele.
Em certa ocasião, ele despediu abruptamente um membro de escalão inferior da equipe que tinha família para sustentar apenas porque essa pessoa cometeu um simples erro tipográfico em um recado que ele lhe havia pedido para enviar. Ele então chamou o presidente da divisão daquela funcionária e o repreendeu com raiva por permitir tanta incompetência em sua organização. Foi horrível. As pessoas se sentiam temerosas e desencorajadas.
Com um pouco de humor negro, alguns passaram a se referir a ele como “o príncipe das trevas”. Talvez essa situação lhe soe familiar. No decorrer de sua vida profissional, é inevitável que você encontre chefes ou colegas com quem será extremamente difícil trabalhar. E sobreviver, para não falar de progredir, numa situação assim não será fácil.
Meu conselho a você é simples. Mantenha-se positivo. Faça o máximo para incorporar valores como integridade, humildade, humor, excelência, coragem, amor e encorajamento em suas interações diárias. Seja prestativo e mantenha o foco no bem maior. Até mesmo os chefes temperamentais muitas vezes respondem de maneira positiva a pessoas que se apresentam dessa forma.
No fim das contas, você só é capaz de controlar o seu comportamento, não o deles. E seja paciente, acreditando que seu bom comportamento produzirá uma diferença positiva. Eis o que Paulo nos encorajou a fazer diante de perseguições: “Abençoem aqueles que os perseguem. Não os amaldiçoem, mas orem para que Deus os abençoe. […] Nunca paguem o mal com o mal. Pensem sempre em fazer o que é melhor aos olhos de todos. No que depender de vocês, vivam em paz com todos” (Romanos 12.14,17-18). Você pode ser um pacificador em meio a uma situação difícil.
“Mantenha-se positivo. Faça o máximo para incorporar valores como integridade, humildade, humor, excelência, coragem, amor e encorajamento em suas interações diárias. Seja prestativo e mantenha o foco no bem maior.”
Richard Sterns
Minha abordagem foi tentar me manter positivo e tornar-me prestativo e útil, sem adotar o estilo negativo de liderança dele. Como eu já trabalhava na Lenox havia anos, eu podia ser um intérprete e guia para ele à medida que ele buscava entender uma nova indústria e negócio. Tentei utilizar o humor para rebater parte de suas tendências negativas. O resultado foi que conseguimos manter um relacionamento de trabalho razoavelmente positivo à medida que ele começou a buscar meus conselhos e apoio.
Essas são também as ocasiões em que você pode brilhar como embaixador de Cristo. Durante aquela época complicada na Lenox, fiz o melhor possível para ajudar a organização, protegendo as pessoas em reuniões e tentando mitigar as explosões mercuriais do diretor executivo. Tentei ser um mediador em questões controvertidas, buscando meios-termos que ele aceitasse. Eu parecia ser capaz de encontrar maneiras de acalmá-lo e impedir que as reuniões degringolassem.
Na realidade, a situação chegou ao ponto em que algumas das pessoas só marcavam reuniões com ele se eu estivesse presente. Tudo isso nos ajudou a tirar o melhor de uma situação ruim, mas com o passar do tempo pessoas importantes começaram a partir porque a cultura havia se tornado desmoralizante. Por fim, perdi um de meus quatro talentosos presidentes de divisão e, apenas algumas semanas mais tarde, perdi outro. A organização estava começando a se desintegrar.
Pensei em sair também, mas decidi permanecer, julgando que talvez ainda conseguisse salvar a situação. Abandonar o navio de uma empresa na qual eu havia investido muitos anos não me parecia certo. E eu acreditava que a empresa-mãe estava começando a se desencantar com o diretor executivo que havia escolhido.
Cerca de dois anos e meio depois, tivemos uma grande reunião de estratégia fora da empresa com todos os principais executivos de nossa empresa-mãe. Na primeira manhã, ainda no quarto de hotel, recebi um telefonema às sete horas do presidente. “Rich, você poderia vir ao meu quarto às 7h30? Tem uma questão que eu gostaria de discutir com você.” Ninguém quer um telefonema do presidente no início da manhã exigindo que você se dirija a seu quarto de hotel. Foi ligeiramente aterrorizante.
Quando cheguei, ele me pediu que me sentasse e me contou de forma abrupta que, minutos antes, havia aceitado a demissão do diretor executivo. Pelo jeito, ele aos poucos havia se conscientizado da turbulência na Lenox e do êxodo de líderes importantes. Então sorriu e me perguntou se eu aceitaria a oferta de me tornar o novo diretor executivo da Lenox.
Ele observou que eu havia sido leal em muitos papéis diferentes dentro da empresa, que eu havia sido paciente, e que ele agora tinha confiança de que eu seria capaz de cumprir aquela função. Minha perseverança situacional havia valido a pena. Apenas alguns minutos mais tarde, entramos juntos na sala de lideranças e ele fez o grande anúncio.
Nos meses que antecederam esse momento, houve alguns períodos muito sombrios no trabalho em que me perguntei se conseguiria sobreviver ao ambiente tóxico de trabalho. Contudo, aqueles desafios também me ofereceram a oportunidade de projetar alguma luz na escuridão para outros que estavam em dificuldades.
Se nosso trabalho como embaixadores de Cristo envolve curar os quebrantados que encontrarmos em nosso mundo, as crises se tornam algumas das melhores oportunidades para nosso testemunho. Um líder cristão pode ser uma ilha em meio à tempestade para as pessoas feridas em um ambiente de trabalho difícil. Se você conseguir superar pessoalmente a ansiedade de uma situação estressante com um espírito de paz, sua estabilidade elevará os ânimos daqueles que estiverem se debatendo. As dificuldades fornecem uma oportunidade maravilhosa para que você demonstre sua fé ao cuidar de outros.
“As dificuldades fornecem uma oportunidade maravilhosa para que você demonstre sua fé ao cuidar de outros.”
Richard Sterns
Entretanto, permita-me deixar claro que a perseverança deve também ter limites. Se você estiver numa situação de trabalho em que sofre abusos ou assédios sexuais constantes, ou se lhe pedirem que faça coisas antiéticas, a perseverança não é a resposta apropriada. Nesses casos, você deve delatar os abusos da maneira apropriada, em geral para o departamento de recursos humanos. Se isso não for possível, você talvez precise se retirar
da situação abusiva. Alguns locais de trabalho são simplesmente tóxicos e perigosos demais para que possamos tolerar.
Saiba mais!
Insights do presidente mais longevo da história da ONG Visão Mundial e um dos mais respeitados líderes norte-americanos hoje.
Richard Stearns, presidente mais longevo da história da ONG Visão Mundial e um dos mais prestigiados líderes norte-americanos hoje, inspira homens e mulheres a levar corajosamente seus valores ao local de trabalho e demonstrar de forma tangível o caráter, o amor e a verdade de Cristo ao viverem sua fé à vista dos outros.
No livro A liderança que Deus valoriza: 17 valores que moldam o sucesso, Stearns traz a público histórias relevantes de sua jornada de vida e desvenda qualidades cruciais que podem transformar líderes e suas organizações.
Em meio a tudo que vivenciou em sua experiência corporativa, aprendeu que sua fé cristã não era uma desvantagem, mas um trunfo. Diante de todo o estresse e de toda a pressão, descobriu que, quando uma pessoa leva Deus consigo ao trabalho, ele a utilizará para seus propósitos.
A liderança que Deus valoriza estimula o leitor à autoavaliação ao indagar de que forma seu comportamento, suas escolhas e decisões enaltecem ou desqualificam o testemunho que transmite. Trata-se de um livro de liderança com uma proposta inovadora, visando uma transformação na forma de pensar e trabalhar
Compre já o seu exemplar!
A liderança que Deus valoriza já está à venda nas livrarias e nas principais plataformas digitais.