Uma série de reflexões para quem deseja recuperar a alegria de ir à casa do Senhor
Você já se sentiu perplexo com a ostentação de determinados líderes eclesiásticos? Já se viu perguntando como e por que alguns deles esbanjam luxo e um estilo de vida que destoa da realidade vivida por sua própria congregação? Já se indignou ao perceber que a agenda de viagens, a casa, o carro e o vestuário dessas figuras evidenciam gastos e investimentos altíssimos, cujos recursos você gostaria de conhecer a fonte, a qual você desconfia que é o seu dízimo suado?
Muitos cristãos devotos calam tais indagações sem jamais pronunciá-las. Muitos se desanimam, se afastam e se queixam sem jamais ponderar seriamente que os incomoda. Há os que se tornam críticos ácidos sem terem buscado aconselhamento adequado para discernir tais dilemas. Alguns, escandalizados diante de evidências de falta de lisura de seus líderes, perdem a fé…
Por que alguns líderes eclesiásticos ostentam riqueza?
As respostas demandam espaço maior do que dispomos. O ponto é que o assunto esbarra em especificidades das mais diversas, que incluem contextos histórico-sociais, questões de ordem psicológica e comportamental, de ética e moral. Não cabe a nós generalizar nem julgar sem investigação o que condiz a realidades pontuais.
Como nos outros artigos da série Desanimado com a igreja, propomos aqui um caminho básico e profundamente espiritual, a partir de atitudes simples que produzem resultados, uma jornada que você pode empreender hoje, para revigorar sua alegria de ir à igreja. Se a ostentação de líderes eclesiásticos tem escandalizado você, propomos três atitudes que serão benéficas, as quais listamos a seguir:
1º – Ore a respeito
Converse com Deus sobre o lhe traz desconfiança, ao que você vê e reprova, os questionamentos e as comparações que você cala em seu íntimo e que, de alguma forma, minam sua segurança na idoneidade daqueles que estão em posição de proeminência. Ore acerca de como tais situações impactam sua fé.
2º – Busque informação e aconselhamento
Leia livros confiáveis que abordem com transparência questões complexas do âmbito da igreja e acerca de como agir em situações de abuso e falta de integridade por parte das lideranças; converse com pessoas e conselheiros idôneos que o ajudem a prosseguir na jornada com Cristo; fuja do mero achismo ou denuncismo vazio, jamais participe de fofocas. Obras como Azorrague, Feridos em nome de Deus, Uma igreja chamada Tov e Tome uma posição trabalham temas polêmicos e trazem insights que podem ajudá-lo. Ao final deste artigo, compilamos informações e os links de acesso às sinopses desses livros.
3º – Não confunda os líderes com Jesus
Tenha em mente que um líder abusivo, soberbo e ostentador está em direção oposta ao tipo de liderança cristã proposta na Palavra de Deus. Esteja certo de que, se confirmada alguma ação antiética por parte de um líder eclesiástico, tal pessoa está em pecado, não é um imitador do Senhor Jesus.
Livros que indicamos para você:
Os conflitos de Cristo com instituições religiosas
Em Azorrague, Antônio Carlos Costa sugere uma reflexão imprescindível por denunciar um problema real e grave: o potencial tóxico que há em certos círculos religiosos quando eles se tornam destituídos de misericórdia, graça, compaixão e amor. Conforme aponta, a teologia não regulada pelo evangelho expõe os seres humanos às mais diferentes espécies de desatinos teológicos, bizarrices morais e extravagâncias espirituais. Por isso, é fundamental que o cristão esteja atento para que não seja vítima de um sistema religioso que está totalmente afastado do projeto de Deus para a igreja e a vida cristã.
Bíblico, contundente e inspirador, Azorrague permite ao leitor redescobrir o Deus justo, amoroso e verdadeiro, tantas vezes encoberto pela prática religiosa legalista, moralista e autoritária. Um livro que o despertará para viver as boas-novas do evangelho de forma verdadeiramente autêntica e transformadora.
Feridos em nome de Deus é leitura obrigatória para quem anseia por um cristianismo saudável e libertador, para quem deseja ser curado. Trata-se de uma denúncia do falso evangelho pregado por falsos cristãos que usam Deus como “desculpa” para cometer abusos.
Na obra, a jornalista Marília de Camargo César, apoiada em sua própria experiência, narra histórias de cristãos machucados emocionalmente que tiveram a fé lançada por terra em razão do convívio desvirtuado com pastores, líderes e outros membros da própria igreja. São histórias reais, com as quais o leitor poderá se identificar.
Fruto de um cuidadoso trabalho jornalístico, o livro oferece conteúdo instrutivo e esclarecedor para quem deseja obter discernimento e orientação no que se refere ao relacionamento interpessoal no âmbito da igreja ou precisa superar feridas sofridas na comunidade de fé.
A formação de uma cultura de bondade que resiste a abusos de poder e promove cura
Scot Mcknight e Laura Barringer
Partindo do termo hebraico tov, que significa “bom”, o livro promove uma cultura baseada na bondade. Nela se destacam sete características de uma igreja saudável: a empatia, a graça, a priorização das pessoas, a veracidade, a justiça, o serviço e a semelhança com Cristo.
Diferentemente de abordagens fundamentadas na polêmica e no denuncismo, Uma igreja chamada tov trata-se de um autoexame, num convite à essência, à obediência e à defesa do que é correto e verdadeiro.
Indicado para pastores, líderes eclesiásticos e para todo cristão, o livro não apenas analisa casos de comunidades que sucumbiram à toxicidade, mas aponta para a tomada de atitudes assertivas que resistem aos efeitos nocivos de culturas institucionais decadentes e anticristãs.
Assuma com coragem as consequências de sua fé
Com suas convicções forjadas numa atitude de questionamento do senso comum e de busca pela fidelidade a Cristo, em Tome uma posição, Russell Moore apresenta reflexões e sugestões sobre como manter a sanidade espiritual e ser relevante ao seguir o caminho da cruz. Para nos inspirar nessa jornada, o autor resgata a vida do profeta Elias, oferecendo insights valiosos sobre o paradoxo da coragem e sobre como nos posicionar diante das principais questões de nosso tempo.
Outros artigos da série Desanimado com a igreja:
Desanimado com a igreja e decepcionado com Deus
Desanimado com a igreja por causa das polarizações políticas