Natália Custódio, Coordenadora Editorial da MC, compartilha sua experiência e dá insights para quem deseja trabalhar na área editorial
Quando comecei a me interessar pela área editorial, levei um tempo para entender o que significava preparação de texto. Para dizer a verdade, ainda hoje repenso o limite de cada atividade quando se trata de levar o texto ao máximo que ele pode ser. Mas, para termos um guia básico desse tipo de trabalho, vou pontuar a seguir o que minha experiência tem me ensinado:
Uma preparação bem-feita contribui para que o processo editorial flua tranquilamente
A preparação é a etapa entre o texto editado e o texto quase final que chega para o revisor. Se feita de forma desatenta, desconectada do contexto amplo abordado pelo autor e do seu estilo de escrita, incluindo os padrões utilizado por ele, o revisor terá muito a corrigir e inserirá muitas emendas (como chamamos as correções) no arquivo diagramado, gerando provas e mais provas. Quanto mais coisas para corrigir, mais chance de erros passarem e mais estresse para todos os envolvidos no processo.
Atenção e paciência são requisitos fundamentais
É na etapa da preparação que o texto será lido por alguém que ainda não o conhece, então é fundamental que o preparador esteja atento ao material que tem em mãos e também ao texto original, seja ele nacional ou traduzido.
Comparar (cotejar) a versão editada com a que foi entregue pelo autor ou pela autora, conferir as informações e citações feitas, as referências bíblicas, checar expressões traduzidas indevidamente ou ainda fazer alguma inversão que trará melhora e mais clareza ao texto, tudo isso deve ser realizado durante a preparação. Portanto, muita atenção e paciência.
O profissional do texto precisa gostar de ler
Eu sei, parece óbvio. Acontece que é importante gostar de ler outras coisas além dos textos nos quais se trabalha. E ser curioso em relação ao que está sendo publicado por aí, para conhecer mais a língua portuguesa (e a língua original no caso de traduções), e também para compreender bem o texto em que se está trabalhando.
Não se pode ter vergonha por não saber
Quando comecei a trabalhar na área editorial, imaginava que o que eu sabia era suficiente e, consequentemente, não precisava voltar às bases das regras gramaticais, por exemplo. Logo precisei reconhecer que meu conhecimento ainda era muito limitado e elementar. Hoje tenho menos orgulho em recorrer a manuais e livros de apoio até para regras que acho que domino. Não por não ser apta, mas porque a língua é muito mais ampla e dinâmica do que consigo memorizar. Ainda bem!
Hoje em dia há uma demanda, especialmente na área de produção de conteúdo para internet, por profissionais que conheçam bem a língua portuguesa, saibam trabalhar com ela e gostem disso. E há também o aumento da autopublicação ou publicação independente no Brasil. Esse cenário indica um interesse das pessoas em compartilhar o que sabem e, certamente, quem deseja ser respeitado em seu trabalho será cuidadoso o suficiente para buscar a orientação de um bom profissional de texto.
Existem muitos cursos livres que visam formar profissionais para o mercado editorial, muitos livros de apoio, gramáticas, manuais e sites que podem nos ajudar a aprimorar nosso conhecimento e trabalho. Continuemos aprendendo e mostremos nosso trabalho!
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