Confira um trecho do livro “Teologia Básica”, escrito por Charles C. Ryrie
A seguir, você lerá um trecho de Teologia Básica, um guia indispensável para quem deseja estudar as Escrituras de forma acessível e didática. Nele, Charles C. Ryrie (1925-2016), um dos mais célebres teólogos contemporâneos, conduz o leitor numa viagem fascinante pela teologia cristã e visita as principais doutrinas bíblicas, tais como: Deus; O Homem ; A Bíblia ; Os Anjos ; O Diabo ; Os Demônios; O Pecado; Jesus Cristo; A Salvação; O Espírito Santo; A Igreja; O Porvir, entre outros assuntos. Para adquirir a obra, você pode clicar aqui ou no link que está logo após o artigo. Boa leitura!
O significado de “reino”
O dicionário define “reino” como uma comunidade politicamente organizada. Portanto, envolve governante(s), governados e um local. Para definir um reino em particular, precisamos fazer várias questões: Quem é o governante? Quem são os governados? Quando virá e onde estará esse reino? Os vários reinos das Escrituras podem e devem ser distintos ao se fazer essas perguntas.
Os vários conceitos de reino
O reino universal
As Escrituras revelam Deus como o governante do mundo inteiro (1Cr 29.11; Sl 145.13). Como tal, exercita sua jurisdição sobre as nações do mundo, escolhendo governantes de sua preferência e julgando o mundo (Sl 96.13; Dn 2.37).
No pensamento judaico, esse conceito de reino começou com Adão, mas foi desfigurado quando o pecado entrou no mundo. Mesmo assim, persistiu até Abraão, que relembrou as pessoas do reino com um sucesso apenas parcial (testemunhou a rebelião de Sodoma e Gomorra). No entanto, quando Israel aceitou a Lei mosaica, esse reino foi restabelecido, embora a rebelião tenha surgido quase imediatamente (com o bezerro de ouro) e, repetidas vezes, durante toda a história de Israel. Apenas o remanescente fiel reviveu o reino. Somente o Messias poderia trazer a realização completa desse reino.
A teologia cristã reconhece esse conceito de reino universal (embora normalmente inclua os anjos, algo que o judaísmo não faz). Deus é o governante das nações (Ap 15.3) e, no final, quando ele as julgar, todas se submeterão a ele (Sl 110.6). Em resumo, no reino universal, Deus é o governante supremo (reina sobre todos), e faz isso em todo o tempo e pela eternidade.
O reino davídico/messiânico
Tanto o judaísmo quanto a teologia cristã pré-milenista dão uma ênfase maior ao conceito de reino. Ele é davídico porque diz respeito às promessas feitas na grande aliança do Senhor com Davi (2Sm 7.12-16). Também é messiânico porque o Messias será seu governante. Esse reino será concretizado na Segunda Vinda de Cristo, quando ele estabelecerá seu reino e cumprirá as promessas feitas a Davi. Em resumo, no reino davídico-messiânico, Cristo é o governante, ele reinará sobre a Terra e seus habitantes durante os mil anos que sucederão sua segunda vinda.
A forma misteriosa do reino
Em Mateus 13, Cristo revelou os mistérios relativos ao conceito de reino (v. 11). Usamos esse nome (misterioso) porque Jesus disse aos discípulos certas coisas sobre o reino que eram previamente desconhecidas. Logo, essa ideia de reino começou quando o Senhor estava ensinando e terminará apenas na sua Segunda Vinda (v. 39-40).
Em outras palavras, esse é o conceito de reino usado para abordar o período entre as duas vindas de Cristo. O governante é Deus. Os governados são as pessoas da Terra que se relacionaram de maneira positiva, neutra ou negativa com a “cristandade” (inclusive os verdadeiros cristãos, os nominais, os que rejeitam e até os que se opõem). O tempo é o período entre as duas vindas.
O reino espiritual
Espiritual pode não ser a melhor denominação, mas nada parece caracterizar melhor esse conceito de reino. Refere-se ao reino em que todos os cristãos foram colocados (Cl 1.13) e adentraram mediante o novo nascimento. O governante é Cristo; nesse conceito de reino, ele reina apenas sobre os cristãos, e existe um relacionamento entre eles agora.
A relação da Igreja com esses reinos
Com o reino universal. A relação ocorre porque a Igreja está no mundo e faz parte do reino universal de Deus. Ele a planejou, originou-a e reina sobre ela, bem como sobre todos os aspectos de seu universo.
Com o reino davídico/messiânico. A Igreja, de modo algum, faz parte desse reino. Quando o reino for estabelecido, a Igreja terá ressuscitado e reinará com Cristo durante o reino milenar.
Com a forma misteriosa do reino. A Igreja faz parte da cristandade, portanto também faz parte desse conceito de reino.
Com o reino espiritual. A verdadeira Igreja, o Corpo de Cristo, é equivalente a esse conceito de reino.
Se alguém tentasse resumir o relacionamento da Igreja com o reino, precisaria dizer que: A Igreja está relacionada ao reino, mas, em certos aspectos, eles não são equivalentes. Não está ligada a nenhum outro conceito de reino. Equivale a outro conceito. O conceito de reino deve ser definido antes que alguém determine o relacionamento da Igreja com ele.
Ryrie, Charles Caldwell. Teologia básica: um guia sistemático popular para entender a verdade bíblica. São Paulo: Mundo Cristão, 2012. Páginas 223 e 224.
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