Um convite ao debate em torno do mais novo sucesso da Netflix
Se você gosta de assistir a séries no Netflix, certamente já ouviu falar ou já assistiu ao documentário O dilema das redes (The social dilemma), que retrata possíveis efeitos do uso inadequado das redes sociais. A produção, dirigida por Jeff Orlowski, ganhador do Emmy por Chasing Ice, foi lançada no ano da pandemia da COVID-19, ocasião em que o debate em torno do uso das redes ganhou relativa expressividade por elas serem o ambiente em que fake news e proliferação de teorias da conspiração dividiram espaço com propostas de ajuda humanitária ou de serviço social. Em meio a tudo isso, o lançamento tem suscitado discussões acerca da indagação: afinal, as redes são vilãs ou mocinhas?
Neste artigo, não vamos entrar no mérito se o documentário merece aplausos ou não, deixaremos isso por sua conta e incentivamos que converse sobre o tema com seus amigos e familiares. O que queremos abordar aqui é um fator indiscutível que permeia todo o documentário e que, sim, todas as pessoas, independentemente da idade, precisam prestar atenção quando o assunto envolve o uso das redes sociais: o equilíbrio.
Colocando os pingos nos is
Se um indivíduo passa a maior parte do dia navegando nas redes, sem equilibrar a agenda com outras atividades, certamente vai ter prejuízo em alguma área de sua vida. Isso é inevitável [e óbvio]. O grande problema é que o equilíbrio — já na antiguidade apontado por Aristóteles como virtude — parece ser um código difícil de entender, já que a humanidade tende ao exagero, ao vício e ao radicalismo. Equilíbrio é desafio. No que se refere ao uso das redes, será que ir ao extremo e abandoná-las, demonizá-las e tê-las como algo essencialmente ruim é realmente a melhor solução? Será que o viés “oito ou oitenta” é a postura mais acertada para lidar com tais tecnologias? Proibir o uso das redes pela nova geração, já nascida em um mundo hiperconectado, seria a única medida segura?
Historicamente, avanços tecnológicos sempre foram alvo de discussões acerca do potencial negativo que poderiam causar: não faz muito que o telefone, a TV e a própria Internet estavam no centro do foco. Aparentemente, já entendemos que o bom senso é o que determina o quão prejudicial pode ser ou não o uso dessas ferramentas.
As redes, se usadas de modo apropriado, facilitam a vida e viabilizam serviços de utilidade pública. De fato, empresas, escolas, instituições públicas e religiosas têm usado as redes para informar, gerar capacitação e conscientização. Por isso, não seria injusto dizer que as redes são algo essencialmente ruim? [Isso é algo a pensar!] E, sim, tudo depende do uso! Naturalmente, excluem-se possíveis redes que promovam qualquer tipo de crime.
Em relação ao dilema das redes, cabe a cada pessoa refletir sobre a própria conduta, buscar informação de qualidade e agir com sabedoria, sabendo dizer não ao uso inadequado e exagerado e a tudo que possa gerar dano a si e aos outros.