Saiba como agir caso sinta ou saiba de alguém que tem vontade de se suicidar
O suicídio é um problema de saúde pública que tem afetado diferentes países, sejam ricos ou pobres. Diante das estatísticas alarmantes — quase 1 milhão de óbitos anualmente — é fundamental que cada governo adote programas voltados à saúde e à educação como formas sustentáveis de combate a esse mal. Conforme pesquisas da Organização Mundial de Saúde (OMS), a mortalidade causada pelo suicídio é superior ao total de mortes causadas pela guerra e por homicídios, e está entre os 20 principais motivos de óbitos dentre todas as idades, em todo o mundo.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco que levam uma pessoa ao autoextermínio se enquadram em patologias emocionais, como: depressão, ansiedade, sentimento de perda ou culpa. É importante ressaltar que os sintomas podem ser identificados e tratados. Por isso, buscar ajuda e orientação médica é fundamental como forma de prevenção. Instituições de apoio como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende voluntária e gratuitamente pessoas que querem e precisam conversar, possui diversas formas de contato 24 horas por dia, pelo telefone 188, chat, e-mail, carta ou pessoalmente. O serviço é prestado com total sigilo.
Diante da magnitude do problema, que se torna ainda mais urgente devido ao isolamento social em decorrência da Covid-19, não só as autoridades governamentais e voluntárias, mas também todos os cidadãos podem juntar esforços para salvar vidas. De modo pessoal, a ajuda pode começar com a simples disposição de ouvir e conversar.
Conscientização
Com a proposta de ajudar pessoas que por algum motivo estão desanimadas de viver, o “Setembro Amarelo” é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, criada no Brasil em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com o intuito de informar a sociedade e gerar a reflexão acerca da importância desse tema tão relevante e delicado. Não só no mês de setembro, ocasião que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (todo dia 10), mas em todos os 365 dias do ano é preciso estar atento à saúde mental e possíveis sinais de alerta.
Sinais de alerta
Identificar intenções suicidas em si ou em um parente, amigo ou conhecido pode ser o primeiro passo para tratá-las e evitar a morte. Nesse sentido, o artigo Prevenção do suicídio: sinais para saber e agir, publicado no site do Ministério da Saúde(saúde.gov.br), pontua os seguintes sinais:
- O aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas;
- Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança e autoestima, visão negativa da vida e do futuro, sentimento de culpa. Esses sentimentos podem ser expressos em forma escrita, verbal ou por desenhos;
- Declarações das ideias ou intenções suicidas. Exemplo: “Vou desaparecer”, “Vou deixar vocês em paz”, “Eu queria dormir e nunca mais acordar”;
- Isolamento.
Além disso, o Ministério da Saúde aponta algumas frases e situações que exigem atenção:
Frases de alerta:
— “Eu preferia estar morto”;
— “Eu não posso fazer nada”;
— “Eu não aguento mais”;
— “Eu sou um perdedor e um peso pros outros”;
— “Os outros vão ser mais felizes sem mim”.
Outros fatores:
- Perda de emprego;
- Crises políticas e econômicas;
- Discriminação por orientação sexual e identidade de gênero;
- Agressões psicológicas e/ou físicas;
- Sofrimento no trabalho;
- Diminuição ou ausência de autocuidado;
- Conflitos familiares;
- Perda de um ente querido;
- Doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes¹.
Como ajudar?
Em seu artigo: A sedução da morte, publicado no livro “Quando a dor se torna insuportável: Reflexões por que pessoas se suicidam” (Editora Sinodal), Roseli M. Kühnrich, psicóloga clínica com Especialização em Terapia Familiar e Mestre em Teologia, afirma que, em situações de extremo sofrimento e angústia, a rede de apoio é fundamental. Ao usar o exemplo de Jesus, que não se isolava, mas mantinha amizades com as quais contar, ela sinaliza a importância do contato interpessoal como fator de superação: “Podemos lembrar os dias de sofrimento que o próprio Senhor Jesus enfrentou na semana de sua condenação e crucificação. Ele contou com seus amigos de Betânia. Marta, Maria e Lázaro estavam entre aqueles que se importavam. Ter com quem contar, alguém que se importa é com certeza um fator de resiliência²”, escreve.
O que fazer e o que não fazer diante de sinais de alerta?
Roseli M. Kühnrich lista algumas ações e posturas que devem ser praticadas ou evitadas diante de sinais de alerta. Dentre o que uma pessoa deve fazer, ela destaca, entre outras atitudes, a importância de ouvir, mostrar empatia e ficar calmo; ser afetuoso e dar apoio; levar a situação a sério e verificar o grau de risco; perguntar sobre tentativas anteriores; remover os meios, se possível; e, se o risco for grande, ficar com a pessoa.
Deve-se evitar ignorar a situação, fazer o problema parecer trivial, deixar a pessoa sozinha³, entre outras posturas. Para conhecer a publicação Quando a dor se torna insuportável: Reflexões por que pessoas se suicidam, livro da Editora Sinodal, clique aqui.
A MC apoia o Setembro Amarelo!
A Editora Mundo Cristão apoia esse movimento a favor da vida! Se você está passando por alguma dificuldade e pensa que já não há saída, peça ajuda. Falar o que sente pode ser sua melhor opção.
Saiba que sua vida é preciosa para Deus, e ele é capaz de estender-lhe a mão, fortalecê-lo (a) e ajudá-lo (a) a superar o que está afligindo você.
Serviço:
O CVV é uma das ONGs mais antigas do país. Fundado em São Paulo em 1962, atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio por meio do telefone 188, e também por chat, e-mail e pessoalmente.
Hoje, cerca de 4 mil voluntários, em mais de 120 postos, prestam serviço voluntário e gratuito 24 horas por dia, nos 365 dias do ano, aos que querem e precisam conversar sobre seus sentimentos, dores e descobertas, dificuldades e alegrias. De forma sigilosa e sem julgamentos, o voluntário do CVV busca ouvir aquele que liga com profundo respeito, aceitação, confiança e compreensão, valorizando a vida e, consequentemente, prevenindo o suicídio.
Após a implantação do telefone 188, por meio de acordo com o Ministério da Saúde que garantiu gratuidade da tarifação telefônica, o serviço passou a registrar cerca de 3 milhões de atendimentos por ano.
Todas as formas de acesso podem ser conferidas no site www.cvv.org.br, onde também é possível se informar sobre o Posto CVV mais próximo e como se tornar voluntário. Clique aqui para saber mais sobre o trabalho do CVV. Acesse também a página do Setembro Amarelo.
Referências:
1 - Prevenção do suicídio: sinais para saber e agir. Disponível em >> https://saude.gov.br/saude-de-a-z/suicidio >> acesso em 16/09/2020.
2, 3 – Quando a dor se torna insuportável: Reflexões sobre por que as pessoas se suicidam/ [organizado por] Catito Grzybowski. – São Paulo: Sinodal, 2019. Pgs 57 a 66.